Ide pelo mundo, proclamando
a boa notícia a toda a humanidade. (cf. Mc 16, 15).
Em decorrência da festa de
São Jerônimo – o primeiro a traduzir a Bíblia do grego para o latim – que
acontece em 30 de setembro, a Igreja no Brasil apresenta a Sagrada Escritura
como tema a ser aprofundado e vivenciado durante o mês de setembro. Em 2018,
portanto, trabalhar-se-á o livro da Sabedoria.
Numa prática que visa
dinamizar a vida pastoral de maneira catequética, já se tornou costume no
Brasil eleger um tema a ser aprofundado em cada mês. Assim, tivemos em agosto o
mês dedicado as Vocações; estivemos vivenciando em setembro o mês da Bíblia, em
seguida teremos em outubro o mês das Missões, em novembro o mês dos Fieis
defuntos e assim sucessivamente. Porém, a partir dessa divisão temática que
acontece ao longo do ano, muitas vezes se tem a tentação de vivenciar cada
realidade enfatizada somente naquele determinado mês e de maneira isolada. Isso
pode significar um grande erro de interpretação da proposta feita pela Igreja.
Posto que, a divisão é feita para que em um determinado período a temática
possa ser aprofundada, pesquisada, debatida. No entanto a vivência dessas
dimensões da fé, isto é, a meditação sobre as Sagradas Escrituras, as Vocações,
a Oração pelas Missões e pelos Fieis defuntos, deve se dá ao longo de todo o
ano.
Há de se convir que conhecer
as Sagradas Escrituras é uma obrigação de todos os cristãos, pois como dizia
São Jerônimo, “conhecer a Bíblia é conhecer a Cristo, ignorar a Bíblia é
ignorar a Cristo”. Isso porque, toda a Sagrada Escritura fala sobre Jesus. Uma
vez que o Antigo Testamento é prefiguração e anúncio da vinda do Senhor, enquanto
que o Novo Testamento é o cumprimento daquela Promessa feita ao Povo de Israel:
“e o Verbo se encarnou e habitou entre nós”. (cf. Jo 1, 14).
Disto isso, urge uma
necessidade: precisamos criar o habito de ler a Sagrada Escritura todos os
dias, porém, não numa leitura feita de qualquer jeito, desatenta, ou
simplesmente para cumprir preceito. Somente ler por ler, não. É preciso fazê-lo
em forma de oração, meditando cada palavra, fazendo a chamada Lectio Divina, uma leitura feita em
quatro passos, buscando entender o que o texto diz em si; o que o texto diz
para mim; o que o texto me faz dizer a Deus e por fim, a construção de um
propósito de vida sob à luz
da meditação feita durante esse momento de oração com a Palavra de Deus.
É necessário que cada
cristão tenha uma intimidade profunda com a Palavra de Deus. O tempo de se ter
uma bíblia em casa aberta no Salmo 90, desprezada, recebendo a poeira do que
está esquecido, sendo usada como objeto de decoração, ou pior, como um amuleto,
já passou. Hoje é tempo de fazer experiência, de meditar junto com a família. É
tempo de aproveitar as oportunidades de formação bíblica disponíveis nas
comunidades, bem como dos círculos ou aprofundamentos bíblicos existentes. Haja
vista que todo o cristão católico é chamado à missão, ao anúncio do kerigma (κήρυγμα), ao anúncio de Cristo que
se testemunha por meio da vivência da fé, não lhe basta ser cristão por
declaração, tal como estatística do IBGE. Este cristão que assim intitula-se
por tradição cultural e que não conhece nem a Cristo, nem a Sua Palavra,
tampouco a catequese da Santa Mãe Igreja, negligencia a experiência de fé à
qual foi iniciado no dia de seu batismo.
É
preciso despertar das garras de uma cultura que tenta relativizar tudo, até
mesmo as verdades de fé. Não sejamos mais uma sociedade que só quer seguir o
Cristo glorioso, esquecida da cruz que antecede a glória, pois o próprio Cristo
disse aos seus discípulos e continua a nos dizer na voz da Igreja: “se alguém
quiser me seguir, renuncie a si mesmo, tome sua cruz e me siga”. (cf. Lc. 9,
23). Só faremos uma verdadeira experiência com Jesus se o conhecermos. Esse
conhecimento é um encontro com Ele que Se nos dá por meio da Palavra, dos sacramentos,
da vivência eclesial... É preciso encontrar meios para fazer uma
verdadeira experiência, pois a partir daí poderemos dizer verdadeiramente que
somos cristãos e assim assumiremos responderemos sincera e autenticamente à
vocação ao discipulado missionário, sobre o qual nos fala a Conferência de
Aparecida.
*Leandro
F. Santos, alagoano, de Arapiraca, é seminarista da Arquidiocese de Aracaju.
Estuda no 3º ano do curso de bacharelado em teologia e é agente de pastoral na
Paróquia Sagrado Coração de Jesus (Bairro Grageru, Aracaju) e da Pastoral
Carcerária.
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