terça-feira, 1 de outubro de 2013

“O desconhecimento da Escritura é o desconhecimento de Cristo”

O mês de setembro é considerado como o “Mês da Bíblia”. O dia surgiu nas comemorações do cinquentenário da Arquidiocese de Belo Horizonte (MG), em 1971, por iniciativa das Irmãs Paulinas e do Padre Antônio Gonçalves, entre outras pessoas. O dia foi propagado pela editora católica Paulinas até ser reconhecido pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), em 1978. O mês foi escolhido porque no dia 30 de setembro os católicos comemoram o dia de São Jerônimo, considerado o padroeiro dos estudos bíblicos, por ser um grande estudioso da Palavra de Deus e responsável pela Vulgata, a tradução da Bíblia para o latim.

Neste ano de 2013 temos como tema “Discípulos Missionários a partir do Evangelho de Lucas” e como lema: “Alegrai-vos comigo, encontrei o que tinha perdido!” (Lc 15). São dois pontos que São Lucas ensina ao cristão a partir do tema e do lema escolhido para refletir sobre este mês: ser discípulo missionário e ser alegre. É importante ter esta alegria missionária para transmitir as pessoas que Jesus Cristo quando se encarnou, foi e ainda é, a manifestação da alegria de Deus em nosso meio, portanto, ser discípulo missionário pessimista, é uma grande contradição com as próprias palavras do cristianismo.  
  
No discurso do Papa Francisco na Vigília de oração com os jovens em Copacabana no J.M.J., o Santo Padre lembrou o valor de ser discípulo missionário aos jovens, aconselhava que é necessário conhecer o terreno onde será semeada as palavras de esperança e apresentado o próprio Jesus Cristo. Mas, mais que um terreno geográfico, o terreno que devemos conhecer é o próprio coração. É lá onde será jogada a semente (Sagrada Escritura) e produzirá mais tarde os seus frutos.   

A proposta lançada a quarenta e dois anos é algo significativo em relação ao período presente considerado como pós-modernidade, tempo em que a dessacralização e a descredibilidade em Deus está cada vez maior principalmente entre os jovens. Nisso, é dever do cristão despertar, alimentar, fortalecer aqueles que estão em momento de dúvidas de fé ou perdendo as esperanças no Deus Salvador, revelando “o Verbo que se fez carne e habitou entre nós” (Jo 1, 14).

É impossível querer transmitir a mesma alegria que surgiu quando o pastor, a mulher e o pai reencontrou o que estava perdido, quando o cristão não tem o seu encontro pessoal com a Sagrada Escritura. São Jerônimo dizia que o “desconhecimento da Escritura é o desconhecimento de Cristo” (Dei Verbum, nº 25), ou seja, esquecer-se de rezar a Sagrada Escritura é esquecer-se de Deus. Se existe crianças, jovens, adultos e idosos sem ter o conhecimento de Deus, é uma falha que os cristãos devem reconhecer e buscar superar começando pelo estudo pessoal e incentivo da leitura das Sagradas Escrituras. Essa leitura deve abranger três partes: ler, rezar e viver. Ler para nutrir a nossa vida, rezar para entrar em diálogo com Deus sentindo e escutando o que Jesus Cristo tem a nos falar. E após ler e rezar, colocar em prática a partir do testemunho de vida o que rezamos. 

Rezar com a Sagrada Escritura não é questão de bem-estar, mas, de alimento espiritual, é lembrar-se do nosso Pai Criador. Rezar a Palavra de Deus é re-encontar a esperança que talvez esteja começando a apagar. O Papa Emérito Bento XVI nos diz que “o que a Igreja anuncia ao mundo é o Logos da Esperança (cf. 1Pd 3, 15); o homem precisa da ‘grande Esperança’ para poder viver o seu próprio presente [...] Por isso, na sua essência, a Igreja é missionária. Não podemos guardar para nós as palavras de vida eterna [...]” (Verbum Domini, 91). 

O desejo de anunciar, propagar alegremente o que sentimos por Jesus Cristo, é algo que a humanidade pós-moderna espera dos cristãos. A partir das Sagradas Escrituras, é necessário purificar a mente das pessoas mostrando que Jesus Cristo não está longe de nós, Ele é “capaz de falar ao homem, descer para viver com ele e acompanhar o seu caminho na história, manifestando-Se no tempo da escuta e da resposta” (Lumen Fidei, nº 33), é necessário mostrar o Cristo que foi semelhante a nós com exceção do pecado. Mostrar o Deus amoroso, misericordioso que ELe é. Precisamos ter a Palavra de Deus em mãos, na vida e principalmente no coração, as palavras do teólogo Karl Harner soam, como que, uma profecia que devemos estar atentos: “ou cristão do futuro será um místico ou não existirá”.


Artigo criado pelo Seminarista David Angelo.
Aluno do 8º período do curso de Teologia.

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