SOLENIDADE DA ASCENSÃO DO SENHOR- ANO B
At 1,1-11
Sl 46
Ef 1,17-23
“Ele após a Ressurreição, apareceu aos discípulos e, à vista deles, subiu aos céus, a fim de nos tornar participantes da sua divindade.”(Prefácio II da Ascensão).
Hoje celebramos a solenidade da Ascensão do Senhor. Passados quarentas dias da sua ressurreição, conforme Lucas, Jesus eleva-se ao céu. Como rezamos no credo: “Subiu aos céus, está à direita de Deus Pai Todo-Poderoso, donde há de julgar os vivos e os mortos”. Celebrando a elevação de Jesus à direita do Pai, não comemoramos uma despedida, mas um novo modo de Ele estar presente. Aquele que percorre os caminhos deste mundo, no amor e na doação, é glorificado. Junto do Pai, como nosso eterno mediador, Jesus continuará a acompanhar os discípulos, e por meio destes propor à humanidade vida nova e definitiva.
A Ascensão, mais do que uma espécie de despedida, ou de ausência, deve ser vista como coroamento de uma caminhada do Cristo Senhor no meio da missão. “Os discípulos partiram e o Senhor os ajudava por meio de sinais que os acompanhavam, provava que os ensinamentos deles eram verdadeiros.” (Mc 16, 20). Essa expressão do evangelho comprova que o Senhor continua presente e atuante por meio da comunidade dos discípulos, Ele retorna aos céus para o lado direito do Pai, mas não se afasta de nós. Nesta perspectiva, vale apena citar uma homília de Santo Agostinho, bispo do século V, para esta solenidade : “Hoje nosso Senhor Jesus Cristo subiu ao céu; suba também com ele o nosso coração. Ousamos as palavras do Apóstolo: ‘Se ressuscitastes com Cristo, esforçai-vos por alcançar as coisas do alto, onde está Cristo sentado à direita de Deus; aspirai às coisas celestes e não as coisas terrestres.’ (Cl 3, 1-2). Assim como Ele subiu sem se afastar de nós, também nós subimos com Ele, embora não se tenha realizado ainda em nosso corpo o que nos está prometido.
Cristo já foi elevado ao mais alto dos céus; contudo continua sofrendo na terra através das tribulações que nós experimentamos como seus membros. Dou testemunho de sua verdade quando se fez ouvir lá do céu: ‘Saulo, Saulo por que me persegues?’ (At 9,4). E ainda ‘Eu estava com fome e me destes de comer.’ (Mt 25,35).
Cristo está no céu, mas também está conosco. Nós, mesmo permanecendo na terra, estamos também com Ele. Por sua divindade, por seu poder e por seu amor Ele está conosco.
Existe a unidade entre Cristo, nossa cabeça, e nós seu corpo. Ninguém senão Ele poderia realizar esta unidade que nos identifica mesmo, pois tornou-se Filho do Homem, por nossa causa e, nós por meio dele, nos tornamos filhos de Deus.”(Liturgia das horas. Ofício das leituras V. II, pp. 828-829).
Nesta belíssima reflexão de Santo Agostinho, vale apena destacar duas verdades muito importantes que nos ajudam a compreendercom maior profundidade a festa que celebramos hoje: Inicialmente Agostinho afirma que Cristo subiu ao céu. Portanto o que significa esta subida? Significa que ele está sentado à direita do Pai, tomando posse da glória e da divindade. Sentar-se à direita do Pai significa que o Reino do Messias foi definitivamente inaugurado, segundo a visão do profeta Daniel.
Jesus elevado ao céu, e é a imagem da humanidade divinizada. Ao entrar na gloria, Cristo é a prova máxima de que Deus cumpre suas promessas. O céu e a terra uniram-se. As fronteiras entre o humano e o divino foram canceladas. Em Jesus Cristo, ressuscitado e assunto ao céu, a humanidade já participa da glória do Pai: “somos cidadãos do céu.” (Fl 3, 20).
O segundo aspecto que gostaria de evidenciar desta homília agostiniana é que Cristo está no céu, mas também está conosco. Nisto podemos perceber que agora a grande responsável por mostrá-lo sempre presente é a comunidade Cristã mediante o testemunho, como nos lembra a primeira leitura de hoje extraída dos Atos dos apóstolos: “Mas recebereis o poder do Espírito Santo que descerá sobre vós, para serdes minhas testemunhas em Jerusalém, em toda a Judéia, e até os confins da terra.” (At 1, 8). É tarefa da comunidade Cristã dar continuidade aos ensinamentos e ações de Jesus. Esta missão nasce da experiência do Cristo ressuscitado. “Foi a eles que Jesus se mostrou vivo, depois da sua paixão, com numerosas provas.” (At 1, 3). A partir dessa intimidade com o ressuscitado, nasce o testemunho Cristão, e este atualiza o que Jesus fez e disse.
Jesus no evangelho de hoje envia os discípulos e discípulas com esta ordem: “Ide pelo mundo inteiro e anunciai o evangelho a toda criatura! Quem crer e for batizado será salvo. Quem não crer será condenado.” (Mc 16,16). A comunidade dos discípulos deverá anunciar a Boa Nova de um mundo novo inaugurado pelo Filho de Deus.
O anúncio implicará uma decisão dos ouvintes: “Quem crer e for batizado será salvo. Quem não crer já está condenado.” (Mc 16,16). Os mesmos sinais que atestaram a ação
libertadora de Jesus, atestarão a obra dos discípulos. Contudo a comunidade primitiva e as comunidades posteriores devem sempre conhecer a sua missão, ou seja viver sempre em comunhão com Deus. Assim todos devem sempre caminhar ao encontro dessa esperança de mãos dadas, como irmãos, membros do corpo cuja cabeça é Jesus Cristo. Ele através da Igreja, continua presente e realizando o projeto de Salvação da humanidade (Cf. 2° Leitura).
Enquanto aguardamos o retorno glorioso do Senhor como comunidade de seus discípulos missionários rezamos: “Ó Deus todo Poderoso, a Ascensão do fosso Filho já é nossa vitória. Fazei-nos exultar de alegria e fervorosa ação de graças, pois membros de seu corpo, somos chamados a participar da sua glória.” (Oração do dia ). Amém
Por Sem. Diógenes Rodrigo
Arquidiocese de Aracaju
2º ano de Teologia
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