sexta-feira, 22 de março de 2019

TERCEIRO DOMINGO DA QUARESMA


Irmãos em Cristo, o Evangelho deste Domingo, é uma verdadeira chamada divina que Jesus Cristo nos faz para uma verdadeira conversão. O texto sagrado narrado por Lucas, é visivelmente dividido em duas partes distintas: na primeira parte, Jesus rememora alguns acontecimentos históricos ocorridos em Israel, a ordem de Pilatos em matar alguns judeus que possivelmente se revoltaram contra Roma, e um segundo fato histórico, é a queda da torre que ficava em torno da piscina de Siloé, que também matou alguns dos judeus. Ambas as tragédias foram compreendidas pelos sobreviventes, como castigo divino por seus pecados cometidos, apesar disso, a posição de Jesus é clara ao dizer que aqueles sobreviventes não eram menos pecadores que os demais que morreram. Todos precisam se converter!

No segundo momento, Jesus narra a parábola da figueira estéril, que há anos não dava nenhum fruto. O Senhor nesta perícope, mostra-se paciente em confiar que aguardando mais algum tempo, aquela figueira dê frutos. O tempo concedido é obra de sua bondade e paciência, porém este tempo é limitado, pois Ele não esperará indefinidamente pelos séculos afora. A figueira é representação de Israel, mas, é também, cada um de nós, filhos de Deus, figueiras irrigadas pelas águas batismais do Espírito de Santo, cujo agricultor é o próprio Pai Eterno. E de nós, Jesus espera sempre o nosso melhor fruto, o nosso coração e a nossa vida.  Para bem meditarmos este Evangelho que nos fala de conversão, Agostinho de Hipona nos recorda que a observância quaresmal passa pela vigilância, para que nos mantenhamos puros e irrepreensíveis.

                                


Santo Agostinho, Bispo e doutor da Igreja (sec. V) Sermão 205, 1
“Esta Cruz não é cruz somente de quarenta dias, mas de toda a vida”

Começamos hoje a observância quaresmal, novamente apresentada com rito solene, e nesta ocasião também a vós é necessária uma solene exortação de nossa parte, a fim de que a Palavra de Deus, apresentada por nosso homem interior, alimentado com o seu manjar especial, poderá completar a maceração do homem exterior, e suportá-lo com maior integridade. Pois é muito conveniente a nossa devoção que nos disponhamos a celebrar a paixão do Senhor crucificado que já está próxima, e façamos para nós mesmos a cruz da repressão dos prazeres carnais, como diz o apóstolo: Os que são de Jesus Cristo, crucificaram sua carne com suas paixões e concupiscências.

Desta cruz o cristão deve continuamente pender durante toda esta vida que percorre entre tentações. Este tempo não é de arrancar cravos, dos quais se fala no salmo: Transpassa minhas carnes e com os cravos de teu temor. As carnes são concupiscências carnais: os cravos, os preceitos da justiça: com estes cravos nos transpassa o temor de Deus, porque nos crucifica como vítima agradável a ele. Por isso, novamente nos diz o apóstolo: Exorto-vos, irmãos, pela misericórdia de Deus, a apresentar vossos corpos como hóstia viva, santa, agradável a Deus. É pois, aquela cruz da qual o servo de Deus não se envergonha; pelo contrário, gloria-se dela dizendo: Deus me livre de gloriar-me a não ser na cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo, na qual está crucificado para mim e eu para o mundo.

Esta cruz não é uma cruz somente de quarenta dias, mas de toda a vida. Por isso, Moisés, Elias e o próprio Senhor jejuaram quarenta dias, para insinuar-nos em Moisés, Elias e no próprio Senhor, isto é na lei, nos profetas e no próprio Evangelho, que nós vamos proceder da mesma forma, para que não nos acomodemos nem nos apeguemos a este mundo, mas que crucifiquemos ao homem velho.
Vive sempre assim, ó Cristão! Se não queres que teus pés se afundem na lama, não baixes da cruz. E se temos de fazer isto durante toda a vida, muito mais durante estes dias da quaresma, nos quais não somente se vive, mas que também está simbolizada a vida presente.


Comentário:
Sem. Thiago Menezes Santos

2º Ano de Teologia.

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