Irmãos em Cristo, o
Evangelho deste Domingo, é uma verdadeira chamada divina que Jesus Cristo nos
faz para uma verdadeira conversão. O texto sagrado narrado por Lucas, é
visivelmente dividido em duas partes distintas: na primeira parte, Jesus
rememora alguns acontecimentos históricos ocorridos em Israel, a ordem de
Pilatos em matar alguns judeus que possivelmente se revoltaram contra Roma, e
um segundo fato histórico, é a queda da torre que ficava em torno da piscina de
Siloé, que também matou alguns dos judeus. Ambas as tragédias foram
compreendidas pelos sobreviventes, como castigo divino por seus pecados
cometidos, apesar disso, a posição de Jesus é clara ao dizer que aqueles
sobreviventes não eram menos pecadores que os demais que morreram. Todos
precisam se converter!
No segundo momento,
Jesus narra a parábola da figueira estéril, que há anos não dava nenhum fruto.
O Senhor nesta perícope, mostra-se paciente em confiar que aguardando mais
algum tempo, aquela figueira dê frutos. O tempo concedido é obra de sua bondade
e paciência, porém este tempo é limitado, pois Ele não esperará indefinidamente
pelos séculos afora. A figueira é representação de Israel, mas, é também, cada
um de nós, filhos de Deus, figueiras irrigadas pelas águas batismais do
Espírito de Santo, cujo agricultor é o próprio Pai Eterno. E de nós, Jesus
espera sempre o nosso melhor fruto, o nosso coração e a nossa vida. Para bem meditarmos este Evangelho que nos
fala de conversão, Agostinho de Hipona nos recorda que a observância quaresmal
passa pela vigilância, para que nos mantenhamos puros e irrepreensíveis.
Santo Agostinho, Bispo e doutor da
Igreja (sec. V) Sermão 205, 1
“Esta Cruz não é cruz somente de
quarenta dias, mas de toda a vida”
Começamos
hoje a observância quaresmal, novamente apresentada com rito solene, e nesta
ocasião também a vós é necessária uma solene exortação de nossa parte, a fim de
que a Palavra de Deus, apresentada por nosso homem interior, alimentado com o
seu manjar especial, poderá completar a maceração do homem exterior, e
suportá-lo com maior integridade. Pois é muito conveniente a nossa devoção que
nos disponhamos a celebrar a paixão do Senhor crucificado que já está próxima,
e façamos para nós mesmos a cruz da repressão dos prazeres carnais, como diz o
apóstolo: Os que são de Jesus Cristo, crucificaram sua carne com suas paixões e
concupiscências.
Desta
cruz o cristão deve continuamente pender durante toda esta vida que percorre
entre tentações. Este tempo não é de arrancar cravos, dos quais se fala no
salmo: Transpassa minhas carnes e com os cravos de teu temor. As carnes são
concupiscências carnais: os cravos, os preceitos da justiça: com estes cravos
nos transpassa o temor de Deus, porque nos crucifica como vítima agradável a
ele. Por isso, novamente nos diz o apóstolo: Exorto-vos, irmãos, pela
misericórdia de Deus, a apresentar vossos corpos como hóstia viva, santa,
agradável a Deus. É pois, aquela cruz da qual o servo de Deus não se
envergonha; pelo contrário, gloria-se dela dizendo: Deus me livre de gloriar-me
a não ser na cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo, na qual está crucificado para
mim e eu para o mundo.
Esta
cruz não é uma cruz somente de quarenta dias, mas de toda a vida. Por isso,
Moisés, Elias e o próprio Senhor jejuaram quarenta dias, para insinuar-nos em
Moisés, Elias e no próprio Senhor, isto é na lei, nos profetas e no próprio
Evangelho, que nós vamos proceder da mesma forma, para que não nos acomodemos
nem nos apeguemos a este mundo, mas que crucifiquemos ao homem velho.
Vive
sempre assim, ó Cristão! Se não queres que teus pés se afundem na lama, não
baixes da cruz. E se temos de fazer isto durante toda a vida, muito mais
durante estes dias da quaresma, nos quais não somente se vive, mas que também
está simbolizada a vida presente.
Comentário:
Sem.
Thiago Menezes Santos
2º Ano de
Teologia.
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