quarta-feira, 14 de setembro de 2016

FESTA DA EXALTAÇÃO DA SANTA CRUZ


O PARADOXO DA CRUZ: UM SINAL DECISIVO DE ESPERANÇA

Caríssimos irmãos, celebrando hoje a festa da Exaltação da Santa Cruz, queremos recordar este sinal sagrado que em si mesma não tem nenhum valor, mas por causa de Cristo o fato da Cruz foi assumido pelo cristianismo como uma dimensão da espiritualidade. É assim que compreendemos o chamado de Jesus a “tomar a Cruz de cada dia”, “perder a vida” ou “morrer como um grão de trigo” (cf. Mt 11,12;16,21-24; 17,15; Jo 12,24-26; etc).
Somente no seguimento de Cristo é que a Cruz nos faz crescer na vida segundo o Espírito. A Cruz de Jesus é o sinal do seu amor fiel á causa do Reino de Deus. Não devemos separar a morte de Jesus do resto de sua vida. Seu martírio revela sentido pleno como consequência dramática de sua mensagem e de sua obra: a Cruz é símbolo de sua absoluta fidelidade ao Pai. Ela é inseparável das perseguições e conflitos que a precederam, dos critérios, opções e atitudes de Jesus, bem como do conteúdo de sua pregação. O sofrimento é a sequela coerente do seguimento de Jesus Cristo. Sua paixão expressa fidelidade ao Reino em todas as perseguições que precederam e prepararam o desenlace da Cruz.
Na espiritualidade cristã, as formas de cruz e perseguição que aparecem no caminho da fidelidade à justiça do Reino, fazem parte do todo da missão do cristão, constituem a prova de que seu compromisso é verdadeiramente cristão. As perseguições que Jesus sofreu até a morte revelam a força do mal, do pecado, do egoísmo e todas as suas sequelas, bem como sua oposição ao Reino de Deus.
Durante toda a sua missão, desde o início, Jesus experimentou a reação e a oposição dos pecados e egoísmos concretos de sua época. Jesus experimentou o mal como uma realidade que ele chamou de “hora das trevas” e como uma realidade poderosa. Não se pode subestimar a força do mal na vida de Jesus, realidade que se experimentou em pecados e injustiças próprios dos homens se concretizando em nossa época. O mal levou Jesus não só a morte, más também frustrou seus objetivos imediatos em relação à propagação do Reino, à conversão de Israel e à aceitação de sua obra. Jesus crucificado é a prova da força e da persistência do mal no mundo e em cada um de nós.
Na Cruz de Cristo o Pai assume e reconcilia os que sofrem o abandono e o desespero, concede-lhe o dom de sofrer, não como vencidos, mas como protagonistas comprometidos com uma causa que é a mesma causa de Cristo. A identificação dos oprimidos com a cruz, não é sua identificação com o abatimento de Cristo, mas com sua energia ressuscitante, que os chama a uma tarefa.
Em Jesus, a Cruz é a sua própria missão de libertação dos homens, feita tragédia por causa dos pecados desses mesmos homens, mas dotada da energia capaz de recriar mais uma vez essa missão de um modo transfigurado. A cruz dos oprimidos, sofredores e abandonados se dá no interior de sua própria situação injusta.

A Cruz constitui um paradoxo, porque também é sinal decisivo de esperança, apesar do mal sobrepondo-se a ela. O paradoxo da cruz consiste no fato de que aquilo que à primeira vista parece um fracasso, constitui o começo irreversível da destruição do mal pela raiz, por causa do próprio Cristo, que passou da morte à vida, transformando-a em fonte de vida nova e de libertação total. Por isso ela é símbolo da esperança cristã, porque nos ensina que na história o mal não tem a última palavra. Que este sinal da presença de Cristo nos ajude a transformar as cruzes dos nossos irmãos em sinal de esperança e vida.
Seminarista  Diogenes Rodrigo estudante do 3º ano de Teologia
 Arquidiocese de Aracaju- SE

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