Caríssimos irmãos, hoje
a Igreja celebra a Solenidade do Sagrado Coração de Jesus, por isso gostaria de
refletir neste dia sobre o coração de Cristo que não cansa de nos amar, como
dizia São João da Cruz: “O amor não cansa nem se cansa”. Celebrar o Coração de
Jesus, é fazer memória do amor compassivo, compreensivo, paciente e
misericordioso com o qual Deus nos ama.
O Coração remete ao
núcleo, mais íntimo da pessoa, falar do coração é falar do mistério pessoal, ao
qual se tem acesso não só por desejo ou por lógica, mas por revelação. Ao falar
do coração de Jesus, evoca-se o que Ele tem de mais íntimo. Fala-se do mistério
de sua pessoa que esta cheia do mistério de Deus.
A solenidade enche-nos
de alegria, pois ela nos dá a definição de Deus como amor que atravessa a
história da salvação de ponta a ponta e que constitui o cerne da mesma. Assim o
amor de Deus vai se revelando como ternura, fidelidade e misericórdia. É a
ternura que se aviva e se alimenta mesmo com a indiferença e a incompreensão do
outro. É amor semelhante, embora muito maior ao das entranhas maternas, feito
de paciência, compreensão e prontidão para perdoar. Este amor de extrema
gratuidade e doação, apresenta, como todo amor, uma característica de
reciprocidade. O coração de Deus, derramado em ternura e misericórdia sobre o
povo espera uma resposta. Israel, ao longo de seus descaminhos e desvios vai
tentar ao longo de sua história, dar essa resposta. O mandamento central da
Lei: “Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração” encontra, todavia, seu
fundamento num ato, de fé anterior: “Teu Deus te amou de todo o seu coração”.
O amor, único e
incompreensivo do Deus de Abraão, Isaac e Jacó toma carne e visibilidade em
Jesus de Nazaré, nascido sob a Lei na plenitude dos tempos. Por intermédio de
suas ações e palavras e, por fim mediante sua morte e ressurreição, é a própria
misericórdia de Deus que se personifica. Ele próprio é a misericórdia. Todo o
processo pelo qual o Verbo desce da sua condição divina e toma carne de
fragilidade e pecado, é um processo de empobrecimento. A Kenosis do Verbo na encarnação, é uma resposta de entrega total e
sem defesa. Na encarnação Deus se faz pobre, por isso ligou pela encarnação e
pela cruz seu coração e seu destino aos pobres desta terra. Por tanto a opção
pelos pobres não é de forma alguma marginal e adjetiva para os cristãos, MS é
antes centra na missão da Igreja, pelo fato de estar vinculado ao coração de
Jesus, ao coração de Deus, centro do mistério celebrado.
A teologia do “Coração
de Jesus” é portanto, o verdadeiro e único fundamento da opção pelos pobres.
Pois não é que Cristo remeta ao pobre, como se este estivesse fora da lei. Mas
no pobre, em sua carne, em sua carne desfigurada e diminuída em seu rosto carente,
é o próprio Senhor que se deixa encontrar, desfigurado e dessa carência. O que
se faz ao pobre, portanto, se faz ao próprio Jesus, já que o pobre é sua
revelação viva, seu sacramento tangível. Entre Jesus Cristo e o pobre existe
uma coincidência, não apenas moral, mas mística.
A opção pelos pobres é
uma opção afetiva. O coração da Igreja, à imitação de seu mestre, se inclina
para os pobres. É típica do Cristianismo essa sensibilidade toda particular ao Cristianismo.
Contudo, a revelação do
amor do coração de Jesus é marcada pelo conflito. Amar até o fim num mundo de
pecado e desamor gera conflitos. Deus não escapou o próprio de Deus. A esta lei
não escapou o próprio Deus ao assumir um coração de carne da humanidade,
derramando. No meio do conflito, no entanto o amor não pode usar os mesmos
meios para responder à violência com o que o pecado o ataca.
Por. Sem. Diógenes Rodrigo
3º Ano de Teologia
Arquidiocese de Aracaju/SE
Confira as fotos das I Vésperas da Solenidade do Sagrado Coração de Jesus Aqui.
Confira as fotos da Missa da Solenidade do Sagrado Coração de Jesus Aqui
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