sexta-feira, 3 de junho de 2016

CORAÇÃO DE JESUS, FORNALHA ARDENTE DE MISERICÓRDIA



Caríssimos irmãos, hoje a Igreja celebra a Solenidade do Sagrado Coração de Jesus, por isso gostaria de refletir neste dia sobre o coração de Cristo que não cansa de nos amar, como dizia São João da Cruz: “O amor não cansa nem se cansa”. Celebrar o Coração de Jesus, é fazer memória do amor compassivo, compreensivo, paciente e misericordioso com o qual Deus nos ama.
O Coração remete ao núcleo, mais íntimo da pessoa, falar do coração é falar do mistério pessoal, ao qual se tem acesso não só por desejo ou por lógica, mas por revelação. Ao falar do coração de Jesus, evoca-se o que Ele tem de mais íntimo. Fala-se do mistério de sua pessoa que esta cheia do mistério de Deus.
A solenidade enche-nos de alegria, pois ela nos dá a definição de Deus como amor que atravessa a história da salvação de ponta a ponta e que constitui o cerne da mesma. Assim o amor de Deus vai se revelando como ternura, fidelidade e misericórdia. É a ternura que se aviva e se alimenta mesmo com a indiferença e a incompreensão do outro. É amor semelhante, embora muito maior ao das entranhas maternas, feito de paciência, compreensão e prontidão para perdoar. Este amor de extrema gratuidade e doação, apresenta, como todo amor, uma característica de reciprocidade. O coração de Deus, derramado em ternura e misericórdia sobre o povo espera uma resposta. Israel, ao longo de seus descaminhos e desvios vai tentar ao longo de sua história, dar essa resposta. O mandamento central da Lei: “Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração” encontra, todavia, seu fundamento num ato, de fé anterior: “Teu Deus te amou de todo o seu coração”.
O amor, único e incompreensivo do Deus de Abraão, Isaac e Jacó toma carne e visibilidade em Jesus de Nazaré, nascido sob a Lei na plenitude dos tempos. Por intermédio de suas ações e palavras e, por fim mediante sua morte e ressurreição, é a própria misericórdia de Deus que se personifica. Ele próprio é a misericórdia. Todo o processo pelo qual o Verbo desce da sua condição divina e toma carne de fragilidade e pecado, é um processo de empobrecimento. A Kenosis do Verbo na encarnação, é uma resposta de entrega total e sem defesa. Na encarnação Deus se faz pobre, por isso ligou pela encarnação e pela cruz seu coração e seu destino aos pobres desta terra. Por tanto a opção pelos pobres não é de forma alguma marginal e adjetiva para os cristãos, MS é antes centra na missão da Igreja, pelo fato de estar vinculado ao coração de Jesus, ao coração de Deus, centro do mistério celebrado.
A teologia do “Coração de Jesus” é portanto, o verdadeiro e único fundamento da opção pelos pobres. Pois não é que Cristo remeta ao pobre, como se este estivesse fora da lei. Mas no pobre, em sua carne, em sua carne desfigurada e diminuída em seu rosto carente, é o próprio Senhor que se deixa encontrar, desfigurado e dessa carência. O que se faz ao pobre, portanto, se faz ao próprio Jesus, já que o pobre é sua revelação viva, seu sacramento tangível. Entre Jesus Cristo e o pobre existe uma coincidência, não apenas moral, mas mística.
A opção pelos pobres é uma opção afetiva. O coração da Igreja, à imitação de seu mestre, se inclina para os pobres. É típica do Cristianismo essa sensibilidade toda particular ao Cristianismo.

Contudo, a revelação do amor do coração de Jesus é marcada pelo conflito. Amar até o fim num mundo de pecado e desamor gera conflitos. Deus não escapou o próprio de Deus. A esta lei não escapou o próprio Deus ao assumir um coração de carne da humanidade, derramando. No meio do conflito, no entanto o amor não pode usar os mesmos meios para responder à violência com o que o pecado o ataca. 







Por. Sem. Diógenes Rodrigo
3º Ano de Teologia
Arquidiocese de Aracaju/SE


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