Uma vida dedicada à Igreja, apoiando e participando das causas sociais
Incansável, obstinado, feliz com a vocação e missão recebida pela Igreja, Dom José Lessa faz da sua vida uma constante luta para o crescimento do reino de Deus. Sua presença em solo sergipano o faz parte da história da nossa terra e das lutas da nossa gente, desde quando foi Bispo de Propriá, marcando sua passagem, naquela diocese, pela luta em defesa dos mais fracos, sendo ameaçado de morte e acusado de incitação de invasão de terras, em decorrência do apoio aos posseiros que estavam sendo perseguidos por latifundiários da região e absorvido do processo.
Na Arquidiocese de Aracaju, também empreendeu lutas sociais, estando à frente de negociações entre sindicatos e governo e em defesa dos mais carentes, como por exemplo, a luta pela melhoria das condições de vida do povo do Bairro Coqueiral e Santa Maria, em Aracaju. Toda atuação social de Dom Lessa faz jus ao seu lema episcopal: “Fragilis cum Fragilibus” (Fraco Com os Fracos).
Com uma vida pastoral intensa, Dom José Lessa dobrou o número de paróquias. Entre tantas ações, é marca do Arcebispo a implantação do diaconato permanente e a intensificação do trabalho pelas vocações sacerdotais; há mais de 30 anos a Arquidiocese contava com pouco mais de 40 presbíteros, hoje ultrapassa o número de cem sacerdotes. Capitaneada por Dom Lessa, a construção do Seminário Maior Nossa Senhora da Conceição, com três prédios, biblioteca, capela, refeitório e auditório com capacidade para mais de 700 pessoas, é digna de destaque dentre os feitos do Arcebispo nesta Arquidiocese.
Nasceu em Coruripe-AL, aos 18 de janeiro de 1942.
Ordenado sacerdote em 03 de julho de 1968.
Eleito Bispo Titular de Sita e Auxiliar de São Sebastião do Rio de Janeiro em 21 de junho de 1982, e sagrado em 24 de agosto de 1982.
Transferido para Diocese de Propriá aos 30 de outubro de 1987.
Eleito Arcebispo Coadjutor em 6 de dezembro de 1995, tomada de posse em 25 de março de 1996.
Elevado a Arcebispo Metropolitano de Aracaju em 26 de agosto de 1998.
Atividades exercidas durante o episcopado:
Bispo Auxiliar no Rio de Janeiro, RJ (1982-1987); Acompanhante da Pastoral da Juventude do Regional Leste 1; Bispo responsável pelas Pastorais da Família, das Domésticas, dos Trabalhadores e também dos Movimentos da Arquidiocese do Rio de Janeiro; Bispo assistente dos Vicariatos Norte, Leopoldina e Oeste da Arquidiocese do Rio de Janeiro (1982-1987); Administrador Apostólico de Propriá (1995-1997); Bispo de Propriá, SE (1987-1995); Bispo responsável pela Cáritas do NE3; Foi também membro do Conselho Diretor Nacional do MEB; Coadjutor em Aracaju (1996-1998) e como Arcebispo Metropolitano; Vice Presidente do Regional NE 3; Presidente do Sub-Regional 2 do NE 3 por 2 mandatos.
Atividades exercidas antes do episcopado:
Formador no Seminário Menor do Rio de Janeiro, RJ; Prefeito, Professor, Diretor Espiritual, Pároco; Membro do Conselho Presbiteral; Coordenador de um Setor Pastoral (13 paróquias); Vigário Episcopal; Coordenador do Secretariado de Pastoral da Arquidiocese.
Estudos Realizados:
Ensino médio: Seminário Arquidiocesano de São José, Rio de Janeiro, RJ (1959-1961);
Ensino fundamental e básico: Seminário Arquidiocesano de São José, Rio de Janeiro, RJ (1955-1958);
Especialização: Bacharelado em Teologia, curso de Pastoral com pequena tese na São Tomas;
Teologia: Seminário Arquidiocesano de São José, Rio de Janeiro, RJ (1965-1968);
Filosofia: Seminário Arquidiocesano de São José, Rio de Janeiro, RJ (1962-1964);
Outros cursos: Pastoral e Espiritualidade, em Roma / Itália.
Parte duma entrevista concedida à Associação do Senhor Jesus Entrevista completa
Natural de Alagoas, filho mais velho de uma numerosa família de quinze irmãos, Dom José conta, com muita simpatia, como Jesus transformou sua vida a partir de seu sim a Deus.
BC: Gostaríamos de saber como foi o menino José e seu chamado?
Dom Lessa: Antes de tudo, sou o mais velho de quinze irmãos. Nasci em Alagoas, na cidade de Coruripe. Meu pai migrou para o Rio de Janeiro e dois anos depois levou toda a família. Fomos para o Rio em três e lá nasceram os outros. Integramo-nos muito na Igreja. Eu ia à Missa todos os dias. Era coroinha. Em casa, como irmão mais velho, era aquele com quem minha mãe contava para o serviço da casa. Lavar louça, cuidar dos irmãos. Lembro-me que um tio meu que é Carmelita ia, às vezes, nos visitar e eu ficava olhando e pensando: será que posso ser um padre. E, fui para o Seminário. Em 1968 foi a minha Ordenação Sacerdotal na antiga catedral do Rio de Janeiro.
Como padre, trabalhei um bom tempo no Seminário. Depois chegou o novo Bispo do Rio de Janeiro e manifestei-lhe o desejo de fazer um Curso de Espiritualidade em Roma, para o qual depois de um ano e meio ele me liberou. Fui, fiz o Curso e voltei. O Bispo, então, colocou-me numa Paróquia muito central, chamada Nossa Senhora da Conceição, em Realengo. Aos trinta e seis anos fui nomeado Vigário Episcopal. Fui para frente com o trabalho. Quando o Papa foi ao Brasil, o Cardeal disse: "Você está há cinco anos como Vigário Episcopal. Eu gostaria que você fosse fazer uns estudos em Roma". Fui fazer pastoral em Roma e na volta não retornei mais ao Vicariato. O Cardeal entregou-me o Secretariado Pastoral da Arquidiocese do Rio de Janeiro e, ao mesmo tempo, uma paróquia em São Conrado. Lá é onde está a grande favela da Rocinha. E, um belo dia o Cardeal telefona-me e diz: "Venha procurar-me, pois quero falar com você". Fui e ele me disse: "A nunciatura está dizendo que você foi eleito bispo". Tomei um susto. Eu respondi: "Eu sou padre, não sou um intelectual. Não sou uma pessoa preparada para a missão de Bispo". E, ele me respondeu: "Nós já estamos trabalhando juntos há dez anos. Conheço seus defeitos. Mas, dá para ser bispo e eu quero uma resposta". Eu disse que queria um tempo para pensar. Fomos conversando e eu disse: "Seja feita a Vontade de Deus". A sagração foi no dia 24 de agosto. Foi uma coisa linda. A Catedral estava muito cheia. O caminho da evangelização passa pela renúncia de muita coisa que dá espaço para acolher sempre o sopro do Espírito Santo.
BC: Se para ser um católico hoje é necessário haver renúncia, como deve ser o perfil daquele que deseja seguir Jesus, testemunhar e ser luz do mundo?
Dom Lessa: Antes de tudo para ser um cristão você tem que amar. Se é por amor, a vida transborda e constrói. E, esta vida em Cristo retorna e ressuscita você sempre. É algo importante saber que a renúncia é uma face da medalha que é a Cruz. A outra face, realmente, é o amor. Na renúncia você exercita o amor. Não há maior amor que dar a vida. Se queremos realmente uma comunhão profunda com Deus, não podemos vivê-la deixando de lado nossos irmãos, deixando de lado a Igreja, pois ela, na terra é a expressão de vida de Deus, que é comunidade entre três pessoas na Trindade. Portanto, o perfil do cristão é alguém que crê que Deus ama por primeiro e que esse amor se fez palpável na pessoa de Jesus. Então, a fé em Jesus, em acolher esse amor de Deus precisa ser a resposta daquele que quer seguir a Deus. Nesse momento, por exemplo, eu estou sendo uma resposta do amor de Deus para você e você é uma resposta desse mesmo amor para mim. Amar o próximo como a si mesmo.
O discípulo de Cristo não pode se enganar: "Quem quiser ser meu discípulo, renuncie a si mesmo e tome a sua cruz", aquela de cada dia, de cada momento.
O mundo hoje não quer saber de palavras, ele está cheio de palavras. O mundo quer saber do nosso testemunho, da nossa experiência. Palavras muita gente diz, meditações bonitas muita gente faz. O importante é saber se a nossa vida corresponde.
O conjunto aponta para um Episcopado em contínua tensão à UNIDADE: "PAI QUE TODOS SEJAM UM".
O fundo azul e a flor de Liz representam MARIA em seu virginal silêncio de amor. Maria, em condição indispensável para que nela, por obra do Espírito, o Verbo se fizesse carne, e, Ela desse Deus à humanidade da Trindade.
A Cruz em cima, perpassando de modo escondido todo azul de Maria, e, reaparecendo com sua haste em baixo, é sinal, e, manifesta o Ministério de um Deus: Jesus que redimiu antes Maria e por amor mergulhou na nossa humanidade decaída, fazendo-se um de nós, injetando em nós a medicina do amor misericordioso de Deus para nos transformar em outras Marias: pessoas imaculatizadas. Jesus crucificado e Abandonado penetrou na nossa humanidade (no nosso ser frágil, decaído, chagado, brigado com Deus e condenado), nos perdoou, nos curou, nos reconciliou com Deus e nos encheu com a plenitude do Espírito Santo, nos transformando em Maria: a nova criatura.
Lema Episcopal
"FRACO COM OS FRACOS"
(Fragilis cum Fragilibus)
É o lema escolhido pelo Arcebispo de Aracaju, que inspira e perpassa todo o ser e o agir do Pastor.
A fraqueza, é elemento constitutivo de cada pessoa. Também em Jesus, ela se manifestou como condição para que ele vivesse o amor maior: dar mais de Deus imolando a própria vida. Nela e por ela, patrimônio da humanidade, Jesus se fez solidário com cada homem e mulher. Seu amor atraiu todos a Deus. De muitos e diversos fez um povo ligado pelo espírito. A sua missão ainda continua na história.
Você e eu somos convidados a preferir a fraqueza de Jesus que em nós se manifesta, nela "nos gloriarmos".
Assim contribuímos para que a Seiva de Deus penetre em toda humanidade transformando-a em uma só família, a partir da riqueza da graça que jorra da cruz preferida, amada e abraçada pelos cristãos.
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