terça-feira, 22 de maio de 2012

A FILHA DE SIÃO: MEDITAÇÃO SOBRE MARIA

Seminarista Bruno Igor Cavalcante
3º ano de Teologia

A expressão “Filha de Sião” é comum no Antigo Testamento. Há, por exemplo, os chamados Cânticos de Sião (cf. Sl 46; 48; 76). Sião pode significar tanto Israel quanto a cidade de Jerusalém. Essa expressão vem, algumas vezes, acompanhada de outra: “alegra-te”, saudação jubilosa presente nos oráculos messiânicos de alguns profetas (cf. Zc 2,14-15; 9,9-10; Jl 2,21.27; Sf 3,14-17). Como todo crente em Israel, a Filha de Sião esperava a salvação, esperava o momento da libertação, esperava o cumprimento das promessas. Ela sabia que, apesar das infidelidades do povo, Deus permanece fiel. 

Aplicada à Maria, a expressão “Filha de Sião” adquire um significado mais profundo: de fato, como Filha de Sião, Maria também esperava a salvação, também esperava o Messias. Ela sabia muito bem que Deus não falharia na sua promessa: “Pois sabei que o Senhor mesmo vos dará um sinal: Eis que a jovem está grávida e dará à luz um filho e dar-lhe-á o nome de Emanuel” (Is 7,14; cf. Mt 1,23). Evidentemente, Maria não esperava que fosse ela a escolhida para ser a Mãe do Salvador da humanidade. Ela foi compreendendo o plano de Deus pouco a pouco: na simplicidade de sua vida, na constância de sua fé. 

Utilizando-se de duas expressões do Livro do Profeta Jeremias, pode-se dizer que Maria é a “bela”, a “delicada” Filha de Sião (cf. 6,2). É a mais ilustre Filha de Jerusalém, a personificação de Israel. Ela representa o Povo da Aliança, carregando consigo toda a sua história – de sofrimento e de grandeza. Em Maria, chega ao fim uma longa expectativa. Com Israel, Maria pode, de fato, alegrar-se: “Exulta, alegra-te, Filha de Sião, porque eis que venho para morar em teu meio – oráculo do Senhor” (Zc 2,14); “Rejubila, Filha de Sião, solta gritos de alegria, Israel! Alegra-te e exulta de todo coração, Filha de Jerusalém” (Sf 3,14). Em Maria, realiza-se plenamente a esperança dos pobres, dos oprimidos, dos sofredores; como ela, essas pessoas também esperavam incansavelmente o Messias, aquele que “exaltará os humildes” (cf. Lc 1,52; Jó 5,11). 

Maria é uma mulher privilegiada. A graça divina encontrou nela as disposições necessárias para a realização da vontade de Deus. O coração de Maria procurava o Messias: Maria não somente o encontrou, mas também o carregou no seu próprio ventre. Ela acreditou, por isso é “bendita entre todas as mulheres” (cf. Lc 1,42), por isso é a mais ilustre Filha de Sião. 

Maria, por fim, “guardava” a Palavra de Deus no seu próprio coração (cf. Lc 2,19; 2,51). No coração da Filha de Sião, essa Palavra encontrou abertura. Isto que diz o Livro do Profeta Isaias se realizou plenamente na Virgem Maria: “Como a chuva e a neve descem do céu e para lá não voltam, sem terem regado a terra, tornando-a fecunda e fazendo-a germinar, dando semente ao semeador e pão ao que come, tal ocorre com a palavra que sai da minha boca: ela não volta a mim sem efeito; sem ter cumprido o que eu quis e realizado o objetivo de sua missão” (55,10-11). Verdadeiramente, a Palavra de Deus deu seu fruto na “terra” do coração de Maria, a Mãe do Redentor; verdadeiramente, a Palavra de Deus realizou o que tinha que realizar: A Palavra se torna homem! A Palavra que, por natureza, é eficaz e poderosa, encontrou um coração capaz de acolhê-la na sua totalidade: o coração de Maria, a Filha de Sião!

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