quarta-feira, 16 de setembro de 2015

VISITA À CASA DE CULTURA AFRO DE SERGIPE - SEGUNDO ANO DE FILOSOFIA

“O mocambo é, pois um produto da guerra, e é também a expressão de um portesto da raça contra a escravidão”.
Felte Bezerra

Aos dezesseis dias do mês de setembro do ano corrente, os alunos do curso de filosofia do quarto período do mesmo, do Seminário Maior Nossa Senhora da Conceição, fizeram uma aula de campo ao centro de cultura afro de Sergipe, sobre a orientação do professor e mestre Fábio Silva, onde o mesmo leciona a matéria de sociologia da religião. Esta aula fora realizada com o intuito de que os acadêmicos pudessem ter um estudo mais profundo sobre as influências deixadas pelas diversas religiões existentes em Sergipe.

Severo D’Acelino, sergipano, filho de Acelino Severo dos Santos e Odilia Eliza da Conceição, foi o fundador do movimento negro em Sergipe, Bahia e Alagoas. Ativista dos direitos humanos, poeta, dramaturgo, diretor teatral, coreógrafo, pesquisador das culturas afro indígena de Sergipe, ator. Em 1968 fundou o grupo regional de folclore e artes cênicas amadorista Castro Alves, em 1973 os cactueiro cênico, grupo e teatro GRFACACA, introduziu o teatro de rua em Sergipe. Dirigiu diversas peças e espetáculos de dança, entre eles: Maria Virgo Mater Dei, O Mistério da Rosa Amarela; A Ultima lingada, De Como Revistar Um Marido Oscar; Terra Poeira in Cantus; Navio Negreiro; Água de Oxalá; A Dança dos Inkices D’Angola; Lybo Iná Iye; João Bebe Água. No cinema interpretou Chico Rey, Espelho D’Água e na televisão: Thereza Baptista Cansada de Guerra. Autor de diversas peças, textos e coreografias que destacam a suíte nagô. Casado, militar reformado da marinha de guerra do Brasil. E coordenador geral da casa de cultura afro de Sergipe. Homem de grande estatura, voz forte, de muita presença, mas de uma sabedoria intelectual e principalmente de vida admirável.

As condições do negro no nosso estado ainda são precárias, e ainda existe muito preconceito, afirmou ele no inicio de sua fala. Citou muito sobre o candomblé, onde todo processo de transmissão do conhecimento é feita de forma oral, dos mais velhos para os mais novos, pois a mesma não guarda de forma escrita seus ritos, costumes, cânticos e etc. e graças às características únicas da oralidade, muito do conhecimento sobre o candomblé se perdeu ao longo dos anos ou alterado de forma “ingênua” por às vezes não ter certeza de como deve ser realizado ou feito.

Outro detalhe destacado por Severo foi à questão da cultura que é gerada dentro desses terreiros, realizando assim uma eficaz aliança entre aquilo que é divino com o humano. Destacou também as músicas, que também são fundamentais dentro de seus rituais e ele deu exemplos de músicas para específicos ritos.

Falou-se também sobre os orixás, que são as divindades que detém um poder especifico sobre algum elemento da terra. Citou a questão das macumbas de encruzilhadas, na linha do trem que por sinal é a mais forte, pois deseja a “passagem” de uma pessoa, sendo que essa palavra passagem é entendida em um sentido pejorativo ao máximo.

Um dos seminaristas perguntou sobre a relação dessa cultura afro com a Igreja católica, já que eles haviam sofrido bastante no inicio de sua história por causa da Igreja católica, e ele de forma muito irônica, porém de forma subtendida, que eles (esses que compartilham dessa religião) não passam de vitimas do cristianismo, mas que hoje em dia conseguem ter alguma brecha e aceitação de boa parte daqueles que estão a frente do catolicismo.

Sua fala durou pouco mais de duas horas e que não foi tempo suficiente para que ele expusesse todo seu saber, se assim fosse precisaria de muito mais tempo. Homem de uma grande oratória conseguiu prender a atenção de todos a ele, mesmo quase sem interação do grupo que fazia a pesquisa de campo.

Por fim, mostrou replicas dos espíritos que “baixam” nas pessoas dentro dos rituais. Deu a cada seminarista um pequeno livro de autoria própria com o titulo de Resistência e Religiosidade do Negro Sergipano, nesse acanhado livro trata da história dos negros em Sergipe, sobre a religiosidade, a arte sacra negra, termos próprios do candomblé e sobre as musicas e as danças.


Sem. Renato Alves dos Santos



Prof. de Sociologia da religião Fábio conversando com o coordenador geral da casa de cultura afro de Sergipe Severo.



Turma do segundo ano de filosofia do Seminário Maior Nossa Senhora da Conceição. 





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