quinta-feira, 27 de setembro de 2012

SHOW PROFETAS QUE CANTAM 2012

Sábado (22), setembro de 2012

O show PROFETAS QUE CANTAM 2012, esperado com muita expectativa, tanto pelo nosso Seminário como pelos seus amigos, o povo de Deus, foi um verdadeiro sucesso. Os Padres, Fernando Ávila, Peixoto, João Bosco, Adeilson Carlos, Luís, Fabiano, Genivaldo Garcia e o nosso coral cantaram para mais de 700 pessoas. Em sua II edição, o show inovou com as apresentações realizadas em um mini trio, na área externa do Seminário; a primeira edição fora realizada no auditório do mesmo.

A noite do show foi iniciada com a Santa Missa presidida pelo nosso Arcebispo, Sua Excelência Reverendíssima Dom José Palmeira Lessa.





terça-feira, 11 de setembro de 2012

Estaria a fé verdadeira em oposição à ciência verdadeira?


Pe. François Bandet


No começo o século XIX existiu um sério conflito entre a ciência e a Fé. Foi o período do iluminismo, no qual a razão foi honrada como a única intérprete do conhecimento. Naquele período, o movimento contrário à religião apelidado de positivismo defendeu que a dimensão metafísica da vida era contrária ao senso comum. Hoje, essa mentalidade reducionista reemergiu como uma nova forma de cientificismo,[1] no qual valores e a noção do ser são descartados como um mero produto das emoções e da imaginação.

As questões básicas da vida: o que eu posso saber? O que devo eu fazer? O que devo esperar?[2] são consideradas por uma tal mentalidade científica como um lamentável fruto da irracionalidade e da fantasia.

Entretanto, o conflito entre Fé, religião e ciência ainda existe hoje apesar do fato de essas matérias não se oporem, pelo contrário, complementarem-se harmoniosamente.

Até Galileu explicitamente declarou que a Fé e a ciência, como duas fontes de verdade, não se podem opor uma à outra.[3] O que é necessário para uma harmonia apropriada entre os dois é que cada uma permaneça no seu respectivo campo. O conflito começa quando uma ou outra, arbitrariamente, estende o seu campo de ação, projetando-se no campo específico ou na matéria do outro.

A harmonia, a paz e a coexistência são favorecidas quando cada disciplina tem uma ideia clara da sua própria natureza e objetivo.[4] Um cientificismo militante e positivo, onde as disciplinas de teologia e filosofia são absorvidas pela ciência, é por certo uma fonte de tensão e conflito. Por exemplo, o cosmologista Stephen Hawking é renomado por extrapolar da sua disciplina científica para teorias filosóficas, a fim de defender suas cosmológicas conclusões sob o pretexto da “estética”. Por basear as suas teorias numa tal evidência não científica, Hawking tenta excluir Deus do seu cosmos, tornando-o um “Deus de vácuo” numa dimensão deística.

Assim como o universo teve um começo, nós podemos supor que teve um criador. Mas se o universo está realmente autocontido, não tendo limite ou borda, sem qualquer princípio ou fim: existindo simplesmente, que lugar teria então um criador?[5]

Diante de tal atitude, a teologia não se deve afastar da ciência, e, pior ainda, da razão. Deve continuar o diálogo através da filosofia, como um tipo de moderador já sugerido por João Paulo II:

Como em épocas precedentes, também hoje — e talvez mais ainda — os teólogos e todos os homens de ciência na Igreja são chamados a unirem a Fé com a ciência e a sapiência, a fim de contribuírem para uma recíproca compenetração das mesmas […].[6]

A ciência física, entretanto, deve ser pragmática e baseada em reais observações. A teologia deve continuar comunicante e provocando transcendência, a fim de não perder o seu alvo específico.[7] Uma espécie de atitude de “regresso ao essencial” é necessária, para evitar cair no erro de sobrepor ou, pior ainda, isolar-se sob a forma de “fideísmo”.

BANDET. François. Estará a ciência oposta à Fé? in: LUMEN VERITATIS. São Paulo: Associação Colégio Arautos do Evangelho. n. 6, jan-mar 2009. p. 71-73. Traduzido do original inglês pelo Editorial de Lumen Veritatis, com autorização e revisão do autor.

[1] Cf. Pope John Paul II, Fides et Ratio, 88.

[2] Cf. Kant, Critique of Pure Reason, Bohn, London, 1855, 488.

[3] «Sacred Scripture and the natural world proceeding equally from the divine Word, the first as dictated by the Holy Spirit, the second as a very faithful executor of the commands of God» wrote Galileo in his letter to Father Benedetto Castelli on 21 December 1613. Pope John Paul II, Fides et Ratio, footnote 29.

[4] Cf. P. Haffner, Creazione e scienze, Millstream Productions, Rome, 2008, 125.

[5] S. W. Hawking, A Brief History of Time, Bantam Press, London, 1988, 140-141; cit. in P. Haffner, The Mystery of Reason, Gracewing, Herefordshire, 2001, 162.

[6] Pope John Paul II, Redemptor Hominis, 19.

[7] Cf. L. Oviedo, Whom to blame for the charge of secularization?, in Zygon, 2005, vol. 40, no. 2, 360.

Blogueira militante ateia encontra a verdade e se faz católica “chocando” seus seguidores ateus.


Leah Libresco é uma blogueira americana que foi popular pelo seu ateísmo militante, expresso no “Patheos Atheist Portal”, de sua responsabilidade.



Leah Libresco antes: “sou uma ateia”
procurava mas não achava argumento contra a Moral

Formada em Yale e colaboradora do Huffington Post, a jovem filósofa deixou pasmos seus leitores, ateus como ela: tornou-se uma católica convicta e passou a militar pela Cristandade, segundo noticiou a agência Zenit.
“Esta é a minha última postagem”, anunciou no título do artigo onde ela explicava haver finalmente encontrado a resposta para um impulso ditado por uma “moral interna” para o qual o ateísmo não tinha explicação.
A resposta é uma só: o catolicismo. Esse catolicismo que Leah durante anos refutava e rejeitava com explicações naturalistas a conquistara racional e emotivamente.
“Durante anos eu tentei argumentar a origem da lei moral universal que reconhecia presente em mim”, explicou a blogueira; uma moralidade “objetiva como a matemática e as leis da física”.

Na busca contínua de respostas, Leah se refugiou, por exemplo, na filosofia ou na psicologia evolutiva.

“Eu não pensava que a resposta estivesse ali”, admite, mas ao mesmo tempo “não podia mais esconder que o cristianismo demonstrava melhor do que qualquer outra filosofia aquilo que eu reconhecia já como verdadeiro: uma moral dentro de mim que o meu ateísmo, porém, não conseguia explicar”.

Os primeiros “sinais” de conversão vieram no Domingo de Ramos, num debate com alunos de Yale para explicar de onde deriva a lei moral.

Leah foi interrompida por um jovem que “buscava fazer-me pensar – como ela mesma lembra –, pedindo-me para não repetir a explicação dos outros, mas para dizer o que eu pensava sobre isso”.

Leah procurava qualquer argumento para negar a moral

Chega de papagaiar, diga o que pensa, teria sido a mensagem do aluno.

“Não sei, não tenho uma ideia”, foi a resposta da Leah diante de uma pergunta tão simples.

O aluno insistiu:

– “E a sua melhor hipótese?”
– “Não tenho uma”, reconheceu ela.
– “Terá talvez alguma ideia”, continuou ele.
– “Não o sei… mas acho que a moral se apaixonou de mim ou algo parecido”, tentou explicar, sem dar continuação às suas palavras.

Mas Leah ficou refletindo.

“Percebi que, como ele, eu acreditava que a moral fosse objetiva, um dado independente da vontade humana”. Leah descobriu que no fundo acreditava “numa ordem, que implica alguém que o tenha pensado”, e “na existência da Verdade, na origem divina da moral”.

“Intuí – explica ainda – que a lei moral como a verdade pudesse ser uma pessoa. E a religião católica me oferecia a estrada mais razoável e simples para ver se a minha intuição era verdadeira, porque diz que a Verdade é vivente, que se fez homem.”

Sem rumo, a professora ateia procurou o jovem para ver o que lhe sugeria fazer.

Leah Libresco fica católica e desconcerta as esquerdas


Foi assim que a filósofa, uma ateia convicta, começou a recitar o Livro dos Salmos, e continua “a fazê-lo sempre, também sozinha”.

Anos e anos de teorias, provas, convicções, caíram em pedaços diante da única Verdade: o Deus dos Evangelhos.

Leah publicou toda a história em seu portal. Provocou reações diversas e milhões de comentários. A história foi postada 18 mil vezes no Facebook e sua página web teve, segundo o diretor do blog, Dan Welch, cerca de 150 mil acessos.

Muitos comentários são acusadores, de pessoas ateias que se sentem “traídas” por aquela que era para eles uma líder. Muitos outros, ao contrário, são de católicos que, como muitos não-crentes, seguiam o blog.
Alguns expressam as suas felicitações e dizem: “Estou tão feliz por você. Rezei tanto. A aventura está apenas começando”.

Depois da conversão, Leah procurou também uma comunidade católica, “escandalizando os amigos” mais incrédulos.

“Se me perguntarem como estou hoje, respondo que estou feliz – diz a blogueira –, o melhor período que você pode viver é quando você se dá conta de que quase tudo o que você pensava que fosse verdadeiro, na verdade era falso”.

Falando para a CNN, a blogueira contou que se sentia “renascida uma segunda vez”.

– “É ótimo participar da Missa e saber que ali está Deus feito carne – declarou –, um fato que explica tantas outras coisas inexplicáveis”.

O que fez Leah do seu popular blog ateu?

– “Parar de escrever? – explica na sua postagem – continuar em um estilo cripto-católico, esperando que ninguém perceba (como fiz no último período)?”.

Nada de bobagens nem pusilanimidade: profissão destemida do catolicismo!
Após um exame demorado, decidiu:

– “A partir de amanhã, o blog será chamado “Patheos Catholic channel” e será usado para discutir com os ateus convictos, como fazia antes com os católicos”.

Leah Libresco católica:
“é ótimo ir à Missa e saber que ali está Deus feito carne”


O motivo?

“Se a pessoa é honesta – explica – não tem medo de entrar em diálogo. Eu recebi uma resposta sobre o que buscava porque aceitei colocar-me em diálogo. O interessante de muitos ateus é que fazem críticas e pedem provas. Uma coisa utilíssima à Igreja, que não deve ter medo, porque está do lado dos fatos e da razão”.

Como despedida aos seus muitos leitores ateus, Leah escreveu:

– “Quaisquer que sejam suas crenças sobre religião, parem e pensem no que vocês acreditam ser uma boa ideia; e se percebem algo que os obriga a mudar de ideia, não tenham medo e lembrem de que a sua decisão pode somente melhorar sua visão das coisas”.


Polônia. Lançada primeira revista católica do mundo dedicada ao tema do Exorcismo



Padres poloneses lançam o primeiro número da “Egzorcysta”, de 62 páginas, publicado pela editora Polwen, com tiragem de 15 mil exemplares ao preço de 10 zloty (3,10 dólares), e traz artigos como “Satanás é uma realidade”.

“O aumento do número de exorcistas na Polônia, que passou de quatro para mais de 120 em apenas 15 anos, diz tudo”, declarou o padre Aleksander Posacki, professor de filosofia, teologia, ‘demonólogo’ e exorcista, na entrevista coletiva concedida nesta segunda-feira, em Varsóvia, para lançar a revista.

Ironicamente, “isto se deve indiretamente à mudança do sistema, o capitalismo cria mais oportunidades para negócios no campo do ocultismo. Prever o futuro se tornou, inclusive, uma categoria de trabalho para o fisco”.

A Polônia integrava o bloco comunista liderado pela antiga União Soviética. ”Se as pessoas podem ganhar dinheiro com isto, é lógico que vão fazê-lo e o dano espiritual também aumentará”, destacou o padre Posacki, acrescentando que o exorcismo é absolutamente gratuito.

domingo, 9 de setembro de 2012

NO FINAL DAS PARAOLIMPÍADAS, UMA VOZ CONTRA O ABORTO SE ELEVA NA INGLATERRA

Coordenador dos Jogos, James Parker apela ao 

governo para mudar a legislação








LONDRES, quinta-feira, 6 de setembro de 2012 (ZENIT.org) - O católico James Parker, coordenador da XIV edição dos Jogos Paraolímpicos de Verão, lançou um apelo aos cristãos e a todos os defensores da vida humana: desafiar os líderes e políticos para mudar as "leis anacrônicas e discriminatórias sobre o aborto", que hoje estão em vigor na Inglaterra.

Parker é o primeiro leigo da história a servir como capelão durante os Jogos. Seu apelo foi lançado em uma entrevista pré-gravada pela Rádio Vaticano.

Com os Jogos Paraolímpicos chegando ao fim, Parker falou do tempo que dedicou aos jogos e das conversas diretas que teve com os atletas. "A minha experiência na Vila Paraolímpica, residência de todos os atletas e dirigentes nas proximidades do Parque Olímpico, é a experiência de um lugar sagrado", disse ele.

Parker acrescenta que, embora a vila esteja repleta de cadeiras de rodas, muletas, corpos de todas as formas e tamanhos, há "uma paixão vibrante e tangível pela vida".

"Na vila, a alegria é palpável. É um lugar em que todo mundo é celebrado e honrado, tenha conseguido medalhas ou não, e cada pessoa está a serviço do seu vizinho. Isso me remete às palavras de São Lourenço, que, no ano de 258, recebeu a ordem de levar o tesouro da Igreja para o imperador Valeriano. O santo levou até o imperador os pobres, os aleijados e os mutilados e disse: 'Aqui estão as jóias da Igreja!'. Ele foi martirizado por causa deste gesto".

Falando destes jogos, Parker observa que "lemos a palavra ‘sobre-humanos’ nos jornais, mas os atletas paraolímpicos não são diferentes dos outros seres humanos".

"Ao hospedar os Jogos Paraolímpicos, o Reino Unido mostrou ao mundo as qualidades e os potenciais das pessoas com deficiências físicas. Porém, as leis nacionais discriminam de modo veemente e chocante qualquer nova vida que venha afetada por problemas físicos, mentais ou genéticos".

Parker também afirma que, durante as

conversas com os atletas, ficou surpreso ao

 descobrir que muitos não se davam conta de 

que, se tivessem sido concebidos na Inglaterra 

de hoje, provavelmente teriam sido abortados.


"Se a Inglaterra quer um lugar de destaque no quadro de medalhas das próximas edições dos Jogos Paraolímpicos, terá que considerar seriamente a possibilidade de mudar as suas leis, para parar de discriminar o que agora é rotulado como ‘qualidade de vida inaceitável’. Jogos Paraolímpicos à parte, qualquer sociedade que queira ser próspera precisa dar mais valor à igualdade entre deficientes e não deficientes", reforça.

"A comunidade cristã como um todo, juntamente com outras pessoas que partilham os nossos valores sobre a dignidade da vida humana, tem que continuar a tomar a iniciativa e, seguindo o exemplo de São Lourenço, trabalhar de uma forma significativa pela mudança das leis anacrônicas e discriminatórias do aborto", sustenta Parker. "Se este assunto não estiver entre as conclusões dos Jogos Paraolímpicos, é difícil imaginar uma nova oportunidade como esta, já que a sociedade britânica e o mundo estão celebrando as realizações incríveis de pessoas portadoras de deficiências físicas".

ESTRANHA PRESSA PARA APROVAR O ANTEPROJETO DO CÓDIGO PENAL BRASILEIRO

Reflexões de Paulo Vasconcelos Jacobina,

Procurador Regional da República



Por Paulo Vasconcelos Jacobina*
BRASILIA, quarta-feira, 5 de setembro de 2012 (ZENIT.org) - A imprensa tem noticiado longamente a reforma do código penal. Num momento, aquilo que era domínio de um pequeno grupo de servidores públicos, advogados e magistrados especializados neste setor meio obscuro chamado “direito penal” passou a ser assunto de debates e entrevistas, discussões e artigos jornalísticos. 
Em geral, tem-se noticiado que a reforma do código penal transformou-se em assunto de absoluta prioridade no nosso Congresso Nacional. Está tramitando a toque de caixa. Apresentou-se ao povo brasileiro um projeto de código penal elaborado por uma comissão de especialistas e, num átimo, tem-se a impressão de que não há nada mais importante no nosso legislativo, hoje, do que aprovar um novo código penal para o Brasil.
De fato, o nosso povo tem sofrido com a péssima aplicação da nossa legislação penal. Ainda somos, em grande medida, o país da impunidade. Isto poderia dar a impressão de que um novo código penal é, de fato, uma grande necessidade. Mas esta é uma falsa impressão, principalmente quando se percebe que este projeto de código penal não corrige os defeitos que levam realmente à impunidade em nosso país. Na verdade, este projeto de código mantém, quase literalmente, a parte mais escandalosa do atual código penal brasileiro, aquela que diz respeito à prescrição dos crimes, vale dizer, à parte que trata dos prazos que o estado dispõe para processar as pessoas antes que o mero decurso do tempo apague a possibilidade de punição.
O que virá em seguida parece obscuro e confuso, porque de fato o é. Se, ao final do parágrafo, o leitor não acompanhar o raciocínio, não é por limitação do leitor: é proposital, o sistema é deliberadamente confuso, porque visa a impunidade somente dos que têm habilidade para compreendê-lo e manipulá-lo.
Peço, no entanto, a caridade do leitor para que me acompanhe até o fim, mesmo que não entenda completamente o exemplo que escolhi, ou o mecanismo legal que vou tentar explicar. Poucos entendem, fora do círculo dos especialistas em direito penal. Mas é crucial que fique claro qual é o meio pelo qual se consolida a impunidade penal, que está sendo preservado nesta suposta “reforma penal” que não reforma os defeitos, mas que, alegando o combate à “impunidade”, somente dá curso a pleitos ilegítimos contra a vida e a saúde dos mais frágeis, que, bem ou mal, ainda têm uma certa proteção no código em vigor. Falo, por exemplo, da liberação da eutanásia e do aborto.

O sistema brasileiro de prescrição hoje em vigor, que trata do tempo hábil para processar os criminosos, e que o projeto de código penal simplesmente repete, é uma piada, um absurdo que não existe em nenhum outro país: os prazos prescricionais são muito curtos e podem ser contados retroativamente. Isto é muito difícil de explicar para os que não têm formação jurídica em direito penal, e causa a impunibilidade geral dos mais poderosos, daqueles que podempagar bons advogados e multiplicar os recursos processuais para atrasar o processo. Quem conseguir explicar em linguagem popular o que significa de fato o sistema brasileiro de prescrição, de modo a fazer com que o cidadão brasileiro o entenda, vai deixar revoltado qualquer pessoa de bem.

Apenas para se ter uma ideia, exemplifiquemos com um homicídio imaginário. Um agente que mata outra pessoa incide numa norma penal que prevê uma pena de seis a vinte anos de prisão. Assim, aplicando-se uma tabelinha presente no art. 109 do atual código, vê-se que o estado brasileiro dispõe de vinte anos para processá-lo e condená-lo, porque a pena máxima prevista em tese para este crime é de vinte anos. E, digamos, ele vem a responder ao processo e, por conta de manobras jurídicas e da natural vagarosidade judiciária, consomem-se treze anos até uma condenação final.
Aí está o engodo. Nesta condenação final, imaginemos, este sujeito vem a receber uma pena concreta de sete anos de prisão. Pela tabelinha citada, (que o atual código penal prevê, e o projeto repete) não se deve mais levar em conta a pena máxima abstrata de vinte anos (que permitia que o processo durasse até vinte anos sem problemas). Agora, a prescrição deve ser calculada com base na pena concreta, individualizada e efetiva de sete anos. Ocorre que um crime com uma pena de sete anos deve ter um prazo prescricional de apenas doze anos, nesta mesma tabela.

Assim, se antes o estado dispunha de vinte anos para processar o réu, com base na pena máxima prevista abstratamente para o crime de homicídio, agora, ao final do processo, o prazo para processá-lo foi subitamente reduzido para apenas doze anos, com base na pena concretamente aplicada no próprio processo que tramita contra o referido réu.

É neste momento que entra o truque mágico da impunidade: calculando o tempo transcorrido desde o início do processo, vê-se que passaram-se treze anos, no nosso caso imaginário, até esta sentença definitiva.

Como a prescrição se conta para trás, no nosso sistema penal (e, no nosso exemplo, contando o tempo para trás, já há treze anos desde o início do processo até a condenação final), o processo prescreveu e o réu está livre, leve e solto.

Nem sequer haverá registro do processo, que foi invalidado pelo tempo de um modo inevitável, porque somente depois da passagem do próprio tempo é que se estabelece o critério pelo qual a própria passagem de tempo deve ser regulada! Isto é tão absurdo que não tem similar em
nenhum outro país.

Assim, o povo brasileiro paga (financeiramente e eticamente) muitas vezes pelo mesmo crime: uma vez, porque foi vítima do próprio criminoso. Outra vez, porque pagou o salário e as despesas operacionais aos policiais, aos serventuários do Ministério Público e da Justiça (e às vezes até da defensoria pública que assistirá ao réu) para processá-lo, e uma terceira vez porque o réu restou impune em razão da aplicação para trás de um prazo de prescrição magicamente encurtado por uma sentença que ninguém conhecia quando o próprio processo começou. É um sistema de faz-de-conta, manipulável apenas pelos que o conhecem. E este sistema está sendo repetido literalmente neste projeto de código penal tornado subitamente “prioritário”.
Não é, pois, para combater a impunidade que o código penal brasileiro está sendo alterado. O mecanismo arcaico e obscuro que descrevi acima, que gera a impunidade e a ineficiência judicial está integralmente preservado. O que se quer, portanto, é mesmo a introdução, contra a vontade da maioria do povo brasileiro, do aborto, da eutanásia, do tráfico de drogas e do rebaixamento da idade para o sexo consentido para crianças para os doze anos.

Seriam estas as bandeiras de uma “vanguarda” que parece já não ter utopias sociais, mas apenas utopias “pansexuais”? “Venham para o Brasil, estrangeiros”, diremos. “Venham fazer sexo livremente com as nossas crianças de doze anos, tragam licitamente entorpecentes suficientes para os cinco dias em que permanecerem por aqui, já não é crime. Não se preocupem, se algumas das nossas crianças engravidarem, providenciaremos os abortos gratuitamente, na nossa rede pública de saúde, porque as pobrezinhas são imaturas para serem mães. O nosso sistema de saúde é péssimo, mas para os abortos haverá sempre vagas, já os moribundos que estiverem eventualmente ocupando os respectivos leitos serão 'piedosamente' eliminados para que não sofram mais e abram espaço para a matança de criancinhas”. Será uma campanha publicitária internacional notável. Estou certo de que a pressa, neste caso, é a grande amiga da aberração.

* Paulo Vasconcelos Jacobina é Procurador Regional da República e Mestre em Direito Econômico

A Nova Estratégia Mundial do Aborto


Clique no link abaixo para baixar o documento "A nova estratégia mundial do aborto". Documento de autoria da Comissão em Defesa da Vida do Regional Sul-1 da CNBB.

O que vale mais: um rato ou um feto? Para a nova proposta do código penal, um rato!



Vejam a confissão do objetivo da dita "comissão de juristas" que elaborou a nova proposta de Código Penal (e que contou com um candidato ao Supremo Tribunal Federal), que está no Senado: era mesmo legalizar o aborto, contra a constituição da República Federativa do Brasil e sem debater com ninguém.

Atenção, senadores! Atenção, brasileiros! Divulguem o fato. Caiu a máscara! Coordenador da reforma do Código Penal confessa: “NÓS RECONHECEMOS ORGULHOSAMENTE A LEGALIZAÇÃO DO ABORTO”. Ou: Matar um feto de sete meses dá seis meses de cadeia; matar um filhote de codorna, dois anos! Ou: A revolução dos tarados morais.

Agora caiu a máscara!

Fim de papo!

Fim de conversa!

Agora já temos a confissão!

O objetivo da dita “comissão de juristas” que elaborou a nova proposta de Código Penal (que contou com um candidato ao Supremo Tribunal Federal), que está no Senado, era mesmo legalizar o aborto, CONTRA A CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL e sem debater com ninguém.

Já escrevi um longo texto a respeito daquela proposta aloprada. O título é também longo, a saber: “Proposta de Código Penal libera o aborto, faz a vida humana valer menos que a de um cachorro, deixa-se pautar pela Marcha da Maconha, flerta com o “terrorismo do bem” e entrega nossas escolas ao narcotráfico. Fernandinho Beira-Mar e Marcola não pensariam em nada mais adequado a seus negócios!”
Evidenciava naquele post e em outros tantos que os ditos juristas estavam propondo a legalização do aborto, o que eles negavam. E por que eu afirmava aquilo? Por causa do Artigo 128, a saber:

Art. 128. Não há crime de aborto:
I – se houver risco à vida ou à saúde da gestante;
II – se a gravidez resulta de violação da dignidade sexual, ou do emprego não
consentido de técnica de reprodução assistida;
III – se comprovada a anencefalia ou quando o feto padecer de graves e incuráveis anomalias que inviabilizem a vida extrauterina, em ambos os casos atestado por dois médicos; ou
IV – se por vontade da gestante, até a décima segunda semana da gestação, quando o médico ou psicólogo constatar que a mulher não apresenta condições psicológicas de arcar com a maternidade.

Parágrafo único. Nos casos dos incisos II e III e da segunda parte do inciso I deste artigo, o aborto deve ser precedido de consentimento da gestante, ou, quando menor, incapaz ou impossibilitada de consentir, de seu representante legal, do cônjuge ou de seu companheiro.

Como se lê acima, o que se tem é a legalização do aborto. Basta, para tanto, que a mulher alegue não ter “condições psicológicas” de arcar com a gravidez. Mas os doutores não ficaram só nisso, não! Nos abortos feitos fora das prescrições legais, a pena, que era de dois a quatro anos, caiu para de seis meses a dois anos. Atenção! Essa mesma proposta pune com dois a quatro anos quem destruir um ninho de passarinho, impedir a reprodução de animais ou, pasmem!, usar ratinhos de laboratório se ficar comprovado que a pesquisa poderia ser feita sem eles. Vocês entenderam direito: os sábios se reuniram e decidiram que matar um feto de oito ou nove meses de gestação pode render pena de apenas seis meses (e, portanto, pena nenhuma). Já quem matar um camundongo corre o risco de ficar quatro anos em cana.

É a revolução dos tarados morais. Sabem aquela pergunta clichê “Você é um homem ou um rato?” No Brasil daqueles “juristas”, o vantajoso é ser um rato.

Denunciei isso aqui muitas vezes. Apontei que se tratava, na prática, da legalização do aborto — essa mesma comissão descrimina o consumo de drogas e, na prática, legaliza o pequeno tráfico — e, pois, o grande. Naquele texto, explico por quê. Pois bem, os defensores da proposta negavam que assim fosse.

Entre Aspas
A jornalista Mônica Waldvogel, que comanda o programa “Entre Aspas”, na GloboNews, convidou para debater a proposta de novo código o procurador Luiz Carlos dos Santos Gonçalves, que coordenou a comissão dos sábios, e a excelente Janaina Conceição Paschoal, professora de direito da Universidade de São Paulo. Para assistir à integra do programa, clique aqui. Gonçalves tentou ser irônico com os críticos das propostas alopradas, mas foi malsucedido. Janaina o triturou.

Prestem atenção ao que se dá a partir dos 16min58s, quando a professora aborda a questão do aborto. Ela demonstra que, na prática, se trata de legalização (tarefa que não compete à comissão, diga-se, que não pode reformar a Constituição!), não de tutela da saúde da mulher, e a evidência é a diminuição da pena para os abortos feitos fora das prescrições do Artigo 128.

E o que fez o buliçoso Gonçalves, que já havia negado em várias entrevistas que a comissão estivesse propondo a legalização do aborto? Ele admitiu que é isso mesmo, com todas as letras. Aos 16min45s do programa, afirma: “Nós reconhecemos orgulhosamente” (a legalização). E segue repetindo “orgulhosamente, orgulhosamente”. Na sequência, diz que a proposta foi aprovada por unanimidade na comissão. Ah, foi, é? Então o Senado terá duas tarefas: uma delas é jogar no lixo boa parte das propostas; outra possível é fazer a devida sabatina a um provável candidato ao Supremo. Trato disso no post abaixo deste.

Pergunta
Que arrogância a deste senhor Gonçalves! Vale a pena ver a entrevista para constatar o seu tom militante, desafiador. Quem lhe deu licença para o que entendo ser uma forma de trapaça intelectual e jurídica? Quem lhe outorgou o papel de reformador da Constituição ao coordenar o que deveria ser uma proposta de reforma do Código Penal? Se ele quer legalizar o aborto “orgulhosamente”, por que não se candidata à Câmara ou ao Senado Federal e, se eleito, propõe uma emenda constitucional?

Enquanto coordenava os trabalhos, ele procurava se mostrar parcimonioso e cerimonioso. Agora não mais. Confessa-se um militante da causa do aborto “orgulhosamente” e diz com todas as letras que a comissão fez aquilo que seus críticos diziam que tinha mesmo feito, embora ele negasse de pés juntos.

Eis aí! No país de Gonçalves, matar um rato pode ser mais grave do que matar um homem.

Por Reinaldo Azevedo
Fonte: Veja on line

XXIII DOMINGO DO TEMPO COMUM

(Ano B – 09 de setembro de 2012)



I Leitura: Is 35,4-7a
Salmo Responsorial: Sl 145(146),7.8-9a.9bc-10 (R/. 1.2a)
II Leitura: Tg 2,1-5
Evangelho: Mc 7,31-37 (Cura do surdo-mudo)


Queridos irmãos,

Ao presenciar, extasiadas, tantas situações difíceis, amarguradas, muitas pessoas têm a pretensão de afirmar que tudo está perdido. Que, diante das mazelas assistidas, nada tem jeito, caindo, portanto, na desesperança. O cristão, em todos os tempos, não deve se esquecer de que “a esperança não decepciona” (Rm 5,5); que a origem e o termo da criação são Deus, e, desta forma, ele é Senhor da história. Sim, a esperança de um porvir melhor, que necessariamente não se dará no século, deve fazer com que o seguidor de Cristo viva de fé. Embora sejam virtudes teologais distintas, a esperança e a fé não são desconexas, pois a esperança é a força da fé.

A Liturgia da Palavra deste XXIII Domingo do Tempo Ordinário traduz-nos esta visão eminentemente judaico-cristã, conquanto com dimensões diversas entre a Primeira Leitura e o Evangelho. O povo cristão, eleito com segundo uma presciência mais sublime do que a do povo judeu, embutido de esperança, já possui a certeza de que esta vida plena é uma realidade presente, pois é o próprio Cristo.

Assim sendo, na Primeira Leitura extraída do Profeta Isaías, temos o ânimo que o Profeta injeta no povo de Judá frente às misérias impostas pelos assírios que, querendo invadir o país, assolam o povo da Antiga Aliança. Este trecho, que é iniciado em 34,1 e se encerra em 35,10, pertence ao que os estudiosos denominam apocalipse de Isaías. Logo, diante da iminente situação de crise, o povo de Judá é chamado a encará-la de frente, com a altivez da fé, na esperança de que Deus está consigo: “Criai ânimo, não tenhais medo! Vede, é vosso Deus, é a vingança que vem, é a recompensa de Deus; é ele que vem para vos salvar” (Is 35,4). Salta-nos aos olhos a expressão “vingança que vem” acompanhada de “é a recompensa de Deus; é ele que vem para nos salvar”. A palavra vingança, em nossa cultura ocidental, possui uma pesada carga. Porém, para o povo judeu, nesta leitura, possui a ideia de justiça. Destarte, na concepção bíblica, vingança significa dizer que Deus, ao libertar o seu povo das ameaças e opressões dos inimigos, fará justiça aos opressores, recompensando a cada um conforme o que fizera. Mas, como Deus fará justiça? O recorte seguinte responder-nos-á: “É ele que vem para vos salvar” (v. 4).

Diante da lógica humana, parece-nos obscuro o entrelace justiça, salvação e misericórdia. Sim, misericórdia! Deus nos salva não porque mereçamos ou sejamos ‘bonzinhos’. Não! Com o povo judeu também foi assim. O Senhor nos salva porque nos ama.

Há pouco, falávamos que a Liturgia da Palavra pondera-nos desta visão de esperança comum a judeus e cristãos, entretanto com dimensões diferentes. Aqui e agora, apresentamos três dimensões básicas, sempre levando em consideração que a realidade cristã é infinitamente superior à judaica: 1) A esperança de dias melhores que os judeus possuíam é etnicamente particularizada, já que a noção de povo eleito era restrita a Israel, assim, excluía os gentios. Nós, em compensação, temos uma esperança universalizada, estendida a todos os homens que creem no Cristo. Por isso, muito mais do que determinismos consanguíneos e culturais, é determinável o ‘laço’ da fé no Cristo. 2) A esperança de dias melhores para o povo judeu é a expectativa meramente material e temporal, que acontecerá no Israel geográfico. Para os cristãos, ela transcende o contingente da materialidade e nos levar a ansiar uma realidade superior: o céu e a eternidade. 3) O povo judeu possui a palavra da Promessa, por isso espera por melhores dias. Nós os cristãos vivemos, desde esta ‘terra de exílio’, a realidade da Promessa, pois a Palavra feito homem no-la garantiu com o mistério de sua Encarnação e Redenção. Vivemos o ‘já e o ainda não’. O ‘já’ porque a Promessa já se fez realidade, enquanto que o ‘ainda não’ porque estamos no antegozo da consumação desta esperança. ‘Já’ porque o Cristo já veio a nós (Shekinah), mantendo em nosso meio a sua ‘tenda’, a sua presença, e, fazendo jus ao seu nome, nos salva (Jesus = Deus Salvador); o ‘ainda não’ porque, mesmo salvos, ainda não estamos em plena posse do Senhor que se apossa de nós, alcançando-nos em seu amor. Se os judeus buscavam a paz, tranquilidade e prosperidade em uma terra, nós esperamos e obtivemos a salvação do Cristo e nela trilhamos, e nela alcançaremos a paz, a tranquilidade e a prosperidade eternas porque ele é a nossa herança.
Em um segundo momento da Primeira Leitura, temos os sinais que acompanharão esta vinda de Deus ao seu povo: “Então se abrirão os olhos dos cegos e se descerrarão os ouvidos dos surdos. O coxo saltará como um cervo e se desatará a língua dos mudos, assim como brotarão águas no deserto e jorrarão torrentes no ermo. A terra árida se transformará em lago, e a região sedenta, em fontes d’água” (v. 5-7a). Estes elementos figuram a felicidade e a bênção que Deus dará aos que o esperam. E, fazendo valer a sua sempiterna fidelidade, como tal nos atesta o Salmo Responsorial, passemos ao Evangelho.

Já na estrofe do canto de Aclamação, temos algo que enriquece a nossa compreensão acerca do Evangelho: “Jesus Cristo pregava o Evangelho, a boa notícia do Reino e curava seu povo doente de todos os males, sua gente!” (cf. Mt 4,23). Assim, vem-nos à tona uma outra passagem, a mesma que o próprio Senhor, na sinagoga de Nazaré, diz de si, utilizando o que já havia sido profetizado por Isaías: “O Espírito do Senhor está sobre mim, porque me ungiu; e enviou-me para anunciar a boa nova aos pobres, para sarar os contritos de coração, para anunciar aos cativos a redenção, aos cegos a restauração da vista, para pôr em liberdade os cativos, para publicar o ano da graça do Senhor” (Lc 4,18-19; Is 61,1-2). Estes trechos, adicionados ao Evangelho de hoje, fazem-nos recordar algo que disse um teólogo: “Jesus não veio para fazer milagres. Ele os fez por veio”. Portanto, fazer milagres é apenas uma consequência, o principal de sua missão é “a salvação do que estava perdido” (cf. Mt 18,11), porque veio para salvar o homem todo e todos os homens.

São Marcos dedica uma boa parte do seu Evangelho a Jesus que, anunciando o Reino, encaminha-se para Jerusalém, para lá viver o mistério pascal. Neste caminho, Jesus não se detém apenas na terra de Israel, mas dirige-se também aos pagãos, tal como a narrativa do Evangelho nos diz: “Jesus saiu de novo da região de Tiro, passou por Sidônia e continuou até o mar da Galileia, atravessando a região da Decápole” (Mc 7,31). Logo, confirma-se o que refletíamos antes acerca da universalidade da salvação operada pelo Cristo. E o texto prossegue: “Trouxeram então um homem surdo, que falava com dificuldade, e pediram que Jesus lhe impusesse a mão” (v. 32). Este homem pagão, surdo-mudo, representa-nos, quando, não escutando a Palavra de vida e salvação, não pertencendo ao Povo de Deus, não temos nada a oferecer ao mundo. São Beda, ao comentar acerca deste surdo-mudo, afirmará: “O surdo-mudo é aquele que não abre as orelhas para escutar a Palavra de Deus nem abre a boca para pronunciá-la. É necessário, portanto, que aqueles os quais, por longo costume, pronunciam e escutam as Palavras Divinas, apresentem ao Senhor os que, por fraqueza humana, não estão curados, assim, ele poderá salvá-los com a graça que a sua mão transmite” (In Evang. Marc., 2, 7, 32-37).

Jesus não o cura em meio à multidão, mas o afasta, e na intimidade com ele, cura-o com o seu poder (tocar com os dedos) e saliva da sua língua. A saliva, muito mais do que uma substância milagrosa produzida e proveniente da boca do Senhor, significa a sua Palavra que, no contubérnio de coração, com o toque suave e potente do seu poder cura-nos de nossas debilidades, ao tempo em que ordena “Éfatá!” (Abre-te!) e, curados, falamos, anunciamos. Sim, somos esse surdo-mudo que fomos alcançados pela Graça Divina, pelo seu poder. Recebemos a Palavra e com o mandato de Jesus dado desde o nosso Batismo, anunciamo-lo. Não é à toa que, dentro do ritual de Batismo, temos o Éfata, quando o presidente toca os ouvidos e a boca do neobatizado e diz: “O Senhor Jesus, que fez os surdos ouvir e os mudos falar, lhe conceda que possa logo ouvir sua Palavra e professar a fé para louvor e glória de Deus Pai”.

Estes sinais apresentados ao longo do caminho de Marcos querem afirmar que o Reino já chegou e é o próprio Cristo. Os pagãos e os outros presentes reconhecem este advento e dizem: “Ele tem feito bem todas as coisas: aos surdos faz ouvir e aos mudos falar” (v. 37). Tal como anunciara Isaías quando profetizava a vinda do Senhor e seu poder, seu Reino, na Primeira Leitura desta Liturgia.

Quem são os convidados para o Reino? A Primeira Leitura nos dá pistas. Porém, São Tiago, ao criticar certas atitudes mesquinhas nas primeiras comunidades, denunciando a acepção de pessoas nas reuniões, nas eucaristias, nos alerta: “Meus queridos irmãos, escutai: não escolheu Deus os pobres deste mundo para serem ricos na fé e herdeiros do Reino que prometeu aos que o amam?” (Tg 2,5).

Que nós, em nossa audiência à Palavra, tenhamos firmes convicções de vida para anunciá-la, cônscios de que o Reino já chegou: é o Cristo da fé que nós cremos e anunciamos, até a vinda definitiva do seu Reino, quando ele nos recapitulará a si (cf. Ef 1,9).

Por Seminarista Everson Fontes


quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Índia: Lei anti-conversão é anticonstitucional. Vitória para os cristãos.



A lei anti-conversão aprovada no estado de Hhimachal Pradesh (norte da Índia) tem algumas partes “anticonstitucionais”. Com efeito, “as pessoas não só têm o direito de liberdade de consciência, o direito de professar sua fé, de modificar sua fé; mas também o direito de manter suas convicções secretas”. A sentença da Alta Corte de Himachal Pradesh, emitida pelos juízes Deepak Gupta e Rajiv Sharma é ‘histórica’. O recurso foi apresentado em 2011 por um grupo de organizações cristãs que impugnaram a “Lei sobre a Religião”, emanada em 2006 e vigente desde 2007.

A Corte declarou que “a Seção 4 do procedimento e os art. 3 e 5 do documento aplicativo violam as disposições constitucionais”. Tais normas declaravam ilegítima a livre conversão de uma religião para outra, permitindo-a somente depois de um longo processo, inquéritos e autorizações de um magistrado, e impondo, em caso contrário, multas e sanções.

Em um comunicado enviado à Fides, o “Conselho Global dos Cristãos Indianos” (Gcic), recebe favoravelmente a sentença, agradece os advogados de diversas religiões que se empenharam no recurso, e afirmam que a lei viola alguns direitos fundamentais dos fiéis. Recordando que “todas as conversões, ocorridas por livre arbítrio, são legais”, a Corte solicita os governos centrais e estatais à proteção de todos os fiéis que exercem este direito”.

Pe. Dominc D’Abrio, porta-voz da Conferência Episcopal da Índia, nota à Fides: “É um passo muito positivo, os cristãos teriam um grande benefício. A sentença pode constituir um precedente e provocar o efeito dominó, encorajando recursos contra a lei anti-conversão, do mesmo gênero, em vigor em outros estados da Federação indiana”.

O primeiro estado a aprovar a lei que proíbe as conversões foi Orissa em 1967, seguido por Madhya Pradesh em 1968 e Arunachal Pradesh em 1978. O governo do partido nacionalista hindu “Bharatiya Janata Party” (BJP) a introduziu em Gujarat em 2003 e em Chhattisgarh em 2006; no ano seguinte, entrou em vigor tambémem Himachal Pradesh. Segundo os cristãos, tais leis, limitando o direito fundamental à liberdade religiosa, são instrumentos nas mãos de grupos extremistas hindus que acusam os cristãos de “proselitismo e conversões forçadas”. São utilizadas para atingir minorias religiosas, envenenando o tecido social e semeando ódio no âmbito da sociedade indiana.