sexta-feira, 27 de setembro de 2013

DOM GIOVANNI D’ANIELO: QUEM É E O QUE FAZ?

Entre os dias próximos dias 06 e 08 de outubro do corrente ano, a nossa Província Eclesiástica de Aracaju, em especial a Arquidiocese de Aracaju, receberá a visita do Núncio Apostólico no Brasil, Sua Excelência Reverendíssima Dom Giovanni d’Anielo, para, dentre alguns compromissos, presidir as festividades do décimo nono aniversário do nosso Seminário. A última visita de um Núncio Apostólico às terras Serigy, mais especificamente a nossa Capital, se deu em 08 de dezembro de 2010 para as comemorações do centenário da Diocese de Aracaju, quando era Núncio no Brasil Dom Lorenzo Baldisseri, recentemente nomeado Secretário para o Sínodo dos Bispos, após ter passado como Secretário da Congregação para os Bispos, cargo que ocupou desde quando saiu de nosso país. Com a saída de Dom Lorenzo Baldisseri, a Santa Sé enviou para a Nunciatura Apostólica no Brasil aquele que será o nosso ilustre visitante.

Antes de saber em que consiste o ofício de Núncio, cremos que seja válido termos em mente um pouco acerca da biografia de Dom Giovanni d’Danielo. Italiano de Aversa, região da Campânia, Dom Giovanni nasceu aos 05 de janeiro de 1955 (58 anos). Em 08 de dezembro de 1978, foi ordenado padre da Diocese de Aversa. Após concluir o seu doutoramento em Direito Canônico, ingressou no Serviço Diplomático da Santa Sé em 1983, e, antes de ser Núncio, desempenhou a sua atividade diplomática junto às Representações Pontifícias do Burundi, Tailândia, Líbano, Brasil e na Seção para as Relações com os Estados da Secretaria de Estado, no Vaticano. Em 15 de dezembro de 2001, o Papa João Paulo II o elegeu Arcebispo Titular de Pæstum e Núncio Apostólico na República Democrática do Congo, sendo sagrado bispo pelas mãos mesmas do Romano Pontífice aos 06 de janeiro de 2002, na Basílica de São Pedro.  Permaneceu nesta função até 22 de setembro de 2010, quando o Papa Bento XVI o nomeou para a Nunciatura Apostólica na Tailândia e Camboja e Delegado Apostólico para Mianmar e Laos. Em 10 de fevereiro de 2012, Dom d’Anielo retornou ao Brasil após ter sido eleito pelo Papa Bento XVI Núncio Apostólico para este país. A Presidente da República, Dilma Vana Rousseff, recebeu, em 20 de setembro do mesmo ano, as suas credenciais diplomáticas, oficializando o reconhecimento do novo embaixador por parte da República Federativa do Brasil.

Núncio Apostólico é o nome usual daquele que foi constituído Legado Pontifício. A sua figura é de antiquíssimo costume na vida da Igreja. Aliás, a Igreja é a instituição mais arcana na utilização dos serviços diplomáticos e grande desenvolvedora da ciência Diplomacia. Desta forma, se quisermos encontrar uma aurora do serviço de delegação pontifícia já a encontraremos nos Atos dos Apóstolos (11,22), quando os apóstolos enviam legados de uma Igreja para outra. Logo após o Edito de Milão (313), quando a Igreja ganhou plena liberdade e realce no Império Romano, apareceram os enviados para representarem o Papa, inclusive agindo em seu nome nalgumas circunstâncias, tal como nos afere a História da Igreja nos Concílio de Niceia (325), Constantinopla (381), Éfeso (431) e Calcedônia (451), ou mesmo quando, já sendo Constantinopla a capital do Império Romano, os Bispos de Roma começaram a enviar aos imperadores os seus emissários a fim de tratarem de negócios permanentes entre o Império e a Igreja. A priori, estes representantes papais eram enviados eventualmente, mas, ao assumirem um caráter permanente, ganharam o nome grego de Apocrisiários (do grego apokrínestai, apokríno, responder, o que responde) e a denominação latina de responsalis. 

O grande organizador das delegações pontifícias foi o Papa Nicolau I (século IX) que difundiu o uso de envios de legados papais, cujo campo de atuação se dava nas questões com a autoridade da Sé Apostólica. Entrementes, anterior a este costume do Papa Nicolau I, foi marcante, por parte dos papas predecessores, o envio de emissários junto ao Exarca de Ravena, ou seja, do representante do Imperador no Ocidente.

Quando do Concílio de Trento (1545-1563), na Sessão XXIV, De reformatione, observa-se a ocupação do Concílio acerca dos Núncios Apostólicos para lhes definir as funções cabíveis. Gregório XIII (1572-1585) formatou as Nunciaturas de tal jeito que a estrutura por ele cunhada permanece basicamente até aos nossos dias, sem grandes modificações. Foi este Sucessor de Pedro quem constituiu núncios e delegados junto a vários reinos, tendo em vista a implementação do Concílio de Trento. Em 1815, no Congresso de Viena, aconteceu o reconhecimento da figura dos Legados Pontifícios, ao tempo em que foi confirmada a prática já corrente de o Núncio Apostólico ser o decano do corpo diplomático, o que ainda hoje se observa, mesmo em países com minoria católica este decanato igualmente acontece na República Federativa do Brasil. A Convenção de Viena, em 1961, reconheceu o direito da Santa Sé de enviar seus legados segundo as normas internacionais de diplomacia. No entanto, faz-se imprescindível ressaltarmos que um Núncio Apostólico não é embaixador do Estado da Cidade do Vaticano, mas da Santa Sé, ou seja, não é de um Estado em si, mas do próprio Papa.

A história diplomática da Santa Sé no Brasil já é bicentenária. Remonta-se ao translado da corte portuguesa ao Brasil junto com Dom João VI. Desta forma, o Núncio Apostólico em Portugal, Lorenzo Caleppi, fugindo das cortes napoleônicas, estabeleceu-se no Rio de Janeiro em 1808, permanecendo no Brasil até 1816, quando, elevado ao cardinalato, retornou a Portugal. Após este purpurado, segue a lista:

Dos Internúncios Apostólicos:

Giacomo Filippo Fransoni (Núncio para Portugal e Brasil de 21 de janeiro de 1823 – 21 de novembro de 1829, criado cardeal em 1826 e apontado para Prefeito da Congregação para a Propagação da Fé);

Pietro Ostini (de 17 de julho de 1829 – 02 de setembro de 1832, quando foi apontado para ser Núncio Apostólico na Áustria);

Gaetano Bedini (de 18 de março de 1852 – 20 de junho de 1856, quando foi apontado para Secretário da Congregação para a Propagação da Fé); 

Vincentius Massoni (de 26 de setembro de 1856 – 3 de junho de 1857. Morreu exercendo a função no Brasil);

Mariano Falcinelli Antoniacci, O.S.B. (de 30 de março de 1858 – 14 de agosto de 1863, quando foi apontado para ser Núncio Apostólico na Áustria);

Cesare Roncetti (de 18 de julho de 1876 – 08 de agosto de 1879, quando foi apontado para a Nunciatura Apostólica na Alemanha);

Angelo Di Pietro (de 30 de setembro de 1879 – 21 de março de de 1882, quando foi apontado para a Nunciatura Apostólica na Alemanha);

Mario Mocenni (de 28 de março de 1882 – 18 de outubro de 1882, quando foi eleito para Substituto da Secretaria de Estado);

Vincenzo Vannutelli (de 22 de dezembro de 1882 – 04 de outubro de 1883, quando foi apontado para a Nunciatura Apostólica de Portugal);

 Rocco Cocchia, O.F.M. Cap. (de 06 de maio de 1884 – 23 de maio de 1887, eleito Arcebispo de Chieti);
Girolamo Maria Gotti, O.C.D. (de 19 de 1892 – 01 de dezembro de 1896, quando foi apontado para Prefeito da Congregação para Indulgências e Relíquias);

Giuseppe Macchi (de 26 de outubro de 1897 – 26 de agosto de 1902, quando foi apontado para a Nunciatura Apostólica na Alemanha);

Dos Núncios Apostólicos:

Giulio Tonti (de 27 de agosto de 1902 – 04 de outubro de 1906, quando foi apontado para a Nunciatura Apostólica de Portugal);

Alessandro Bavona (de 13 de novembro de 1906 – 02 de fevereiro de 1911, quando foi apontado para ser Núncio Apostólico na Áustria);

Giuseppe Aversa (de 02 de março de 1911 – 04 de dezembro de 1916, quando foi apontado para a Nunciatura Apostólica na Alemanha);

Angelo Giacinto Scapardini, O.P. (de 04 de dezembro de 1916 - 1920, renunciou o cargo);
Enrico Gasparri (de 01 de setembro de 1920 – 18 de maio de 1933, quando foi eleito Prefeito da Assinatura Apostólica); 

Benedetto Aloisi Masella (de 26 de abril de 1927 – 27 de outubro de 1944, quando foi eleito Prefeito para a Congregação da Disciplina dos Sacramentos);

Carlo Chiarlo (de 19 de março de 1946 – 01 de setembro de 1954, eleito Ofiecial da Secretaria de Estado);

Armando Lombardi (de 24 de setembro de 1954 – 04 de maio de 1964. Morreu exercendo a função no Brasil);

Sebastiano Baggio (de 26 de maio de 1964 – 23 de junho de 1968, quando eleito Arcebispo de Cagliari);

Umberto Mozzoni (de 19 de abril de 1969 - 1973, quando apontado para Oficial da Cúria Romana);

Carmine Rocco (de 22 de maio de 1973 – 12 de maio de 1982. Morreu exercendo a função no Brasil);

Carlo Furno (de 21 de agosto de 1982 – 15 de abril de 1992, quando foi apontado para a Nunciatura Apostólica na Itália);

Alfio Rapisarda (de 02 de junho de 1992 – 12 de outubro de 2002,  quando foi apontado para a Nunciatura Apostólica de Portugal);

Lorenzo Baldisseri (de 12 de novembro de 2002 – 11 de janeiro de 2012, eleito Secretário da Congregação para os Bispos);

Giovanni d’Aniello (desde 10 de fevereiro de 2012).

Com a mudança da Capital Federal do Rio de Janeiro para Brasília, também a sede da Nunciatura Apostólica também foi transferida, ficando estabelecida junto às demais embaixadas. É interessante que alguns dos que seguiram a carreira diplomática e foram legados pontifícios chegaram mais tarde a ocupar a Sé de Pedro, como foi o caso de João XXIII (Bulgária, Turquia e França), Pio XII (Alemanha) e outros.

Mas, o que faz um Núncio Apostólico? Qual a sua função? O Motu Proprio Sollicitudo omnium Eclesiarum, de Paulo VI, datado de 24 de junho de 1969, delineia a importância dos representantes pontifícios. A sua função ‘ad intra’ é a de colaborar com o Romano Pontífice na solicitude para com a Igreja Universal, tendo em vista a sua unidade e indivisibilidade, bem como a de todo o corpo episcopal. Destarte, os legados pontifícios são uma espécie de vínculo entre as Igrejas particulares e o Romano Pontífice, dos Sucessores dos Apóstolos e o Sucessor de Pedro (Art. 4,§1). Esta, segundo o documento, é a função própria e principal de uma legação apostólica. Não obstante esta, os representantes do Romano Pontífice desempenham uma função diplomática perante as autoridades dos Estados, com a finalidade de estabelecer e manter relações de compreensão recíproca entre a Igreja e a sociedade civil, evitando e sanando possíveis desavenças, e procurando tornar realidade a concórdia entre os povos, bem como a paz e o progresso de cada nação. Nunca os representantes do Romano Pontífice exercem a sua função no seu próprio país de origem, para tanto os seus destinos são sempre designados pelo Secretário de Estado e pelo Prefeito para Assuntos Públicos da Igreja.

Nem todo legado pontifício é núncio apostólico, pois existem em diferentes classes: Núncio é o legado que representa estavelmente o Papa junto às Igrejas particulares e goza de caráter diplomático acreditado junto a um Estado. De direito, é competência do Núncio a função de decano do corpo diplomático, independente de sua antiguidade. Internúncio ou Pró-Núncio é o enviado de segundo escalão (espécie de ministro), com a mesma função do núncio, porém nos países que não outorgam este decanato. Delegado Apostólico é o enviado perante uma Igreja particular sem função diplomática (exceto em alguns países que, cortesmente, lhe outorgam esta função). Também existem os Delegados ou Observadores junto a organismos internacionais (como é o caso da ONU e outros) ou junto a Conferências e Congressos. Um Núncio Apostólico possui precedência sobre todos os bispos, exceto os cardeais. No âmbito não mais diplomático, mas pastoral, temos o legado “a latere”, que geralmente é um cardeal incumbido numa missão pelo Romano Pontífice como se fosse um “alter ego – outro eu” de modo não estável para um negócio particular, evento solene, litúrgico e outros.

Para nós, que receberemos o Núncio Apostólico em nossa Casa de Formação Sacerdotal, o olhar da fé não nos deverá levar apenas à contemplação do lado civil que ele se nos apresenta; nossa consideração por ele transcenderá ao nosso Papa Francisco, de quem ele é representante: esta é a nossa expectativa. Com certeza, as suas palavras, os seus gestos, a sua amizade reportar-nos-ão aos do Papa que, por sua vez, no dizer de Santo Atanásio, é “o doce Cristo na terra” por ser o Seu Vigário. Aqui estão as reais motivações para a nossa preparação e satisfação em receber Dom Giovanni d’Anielo, o enviado de Pedro para a Igreja na Terra de Santa Cruz.


Seminarista Everson Fontes

domingo, 22 de setembro de 2013

Simplesmente Inesquecível - JMJ 2013


De onde vem tantos jovens? Para que? O que vem fazer aqui? Por que vem? Acredito que essa e
muitas outras indagações surgiram no pensamento daqueles que viam ou acompanhavam a JMJ pelos meios de comunicação. O fato é que o mundo católico, e também não católico, estava centralizado na cidade maravilhosa do Rio de Janeiro, nos braços abertos do Cristo Redentor. O Brasil e o mundo pararam e fixaram seus olhares para a multidão de jovens que tomava conta daquela cidade com um só desejo: encontrar o Santo Padre, Pastor da Igreja e Vigário de Jesus Cristo e ouvir o que ele queria falar.

Eu tive a graça também de estar e participar da JMJ e confesso que foi uma experiência inesquecível. Tudo começou antes mesmo da longa viagem de ônibus que durou dois dias, mas o coração ansioso para ver o Papa fez com que a viagem passasse despercebida e assim cheguei ao Rio de Janeiro. Cada momento teve sua particularidade, dentre esses, três aqui relatarei.

Primeiro, a emoção de ver pela primeira vez um Papa. No dia 25, na quinta-feira, ao ver a multidão que vibrava de alegria por ter o sucessor de Pedro, o Vigário do Filho de Deus, o Santo Padre o Papa Francisco em nosso meio,
fazendo-se um entre nós; assim que o avistei, ainda de longe, era como se um carinho paternal me invadisse e não fosse possível conter as lágrimas que caíram dos meus olhos.

Este segundo momento aconteceu nos diversos pontos da Cidade Maravilhosa, nos metrôs, nos ônibus e principalmente nas ruas e avenidas onde a multidão caminhava em uma única direção, gritando: “esta é a juventude do Papa”. Este grito e as bandeiras de diversas nações ainda estão em minha mente de uma forma que ao deitar sou capaz de ouvir.
O terceiro foi a adoração, vigília e missa de envio. Nestes três grandes momentos mais fortes eram notáveis o respeito e o amor ao que se fazia. Na adoração algo me chamou bastante atenção, foi o momento do Tão Sublime, no qual, ao ouvir a batida do órgão, os jovens onde estavam se ajoelharam, tanto na areia da praia, quanto no asfalto ou nas calçadas, todos voltavam seu olhar para o palco principal onde estava o Nosso Senhor. Isso prova mais uma vez o que todos ali buscavam: Jesus Cristo!
Nestes dias de peregrinação e oração pude ver, sentir e professar mais uma vez "Creio na Igreja, Una, Santa, Católica e Apostólica". A universalidade era tão nítida que os jovens, mesmo não sabendo outros idiomas, conseguiam interagir, comunicar, trocar experiências. A atenção e carinho que tinham um para com o outro nos faziam sentir como irmãos que a muito tempo convivem.
Eu vi o Papa Francisco, eu estava no meio de 3,7 milhões de jovens, eu estive na JMJ 2013, onde tive oportunidade de conhecer novas pessoas, novas culturas, novas realidades pastorais e pude proclamar que sou feliz, muito feliz, mais que feliz por ser católico, por pertencer a Igreja de Jesus Cristo e eu quero “ir e fazer discípulos entre todas as nações”.
Seminarista José Dalmo Dias Santos Junior

sábado, 21 de setembro de 2013

REFLEXÃO SOBRE O EVANGELHO DE LUCAS 1, 39-45

Quero meditar com vocês esse trecho que acabamos de ouvir, pois o mesmo nos leva à reflexão. Estamos diante de um fato curioso. Aparecem nesse relato quatro nomes: Maria, Isabel, Zacarias e Senhor. O evangelho nos narra o encontro de Maria com Isabel e, certamente com Zacarias. O encontro de duas mulheres. Uma era jovem, muito jovem, a outra bastante velha. Uma plena de Deus, a outra carecendo de plenitude. Uma Virgem, a outra desposada. Uma fértil, a outra estéril que se torna fértil. 
Ora, o que poderia significar tudo isso? O que o evangelista quer nos mostrar com esse episódio? Comecemos a refletir acerca de Zacarias. Quem era? Lucas apresenta-o como sacerdote, mostra-o no templo ministrando o sacrifício, enquanto o povo, de fora, espera a ação de Deus, a bênção de Deus. Mostra-nos, ainda, o anjo que lhe comunica uma boa nova (sua mulher, que até então era estéril, lhe daria um filho), mas ele não crê no anúncio do anjo. A partir dali, de sua incredulidade na promessa, fica mudo até que se cumprisse no tempo estabelecido o que o Senhor lhe prometera. Zacarias significa memória: Deus se lembrou, se recordou. O termo “memória” é muito caro para o judaísmo e o cristianismo. Não se trata de um mero passado, mas da ação perene de Deus que agiu no passado e continua agindo na vida do seu povo. Isso se chama História salvífica. O Deus que fez aliança com Abraão continua operando as maravilhas da libertação sempre. Portanto, a dimensão da palavra, nesse contexto, é de uma importância capitular para que essa realidade permaneça acontecendo, gerando os frutos esperados por Deus. É a palavra que garante a realização da promessa e a autenticidade da Aliança, pois não se trata de uma realidade somente simbólica. Mas, sobretudo, dinâmica, evoca a ação de Deus, o próprio Deus. 
Mas vimos que Zacarias foi incrédulo. A memória, a recordação é mantida pela palavra. Se Zacarias, ficou mudo, atitude de quem não tem confiança, não conhece nem reconhece a palavra ouvida, a mensagem. O que poderia acontecer? Infidelidade, esterilidade, tibieza. Zacarias evoca o Antigo Testamento, a imagem da antiga aliança (marcada por crises). Diferente de Maria que acredita e representa toda a nova aliança no seu modo de crer, de acolher e viver o mistério de Deus. A incredulidade de Zacarias e a virgindade de Maria não são empecilhos para a extraordinária e surpreendente intervenção de Deus em favor do seu povo, que continua esperando Zacarias sair do santuário, assim como nosso povo sofrido continua esperando que os seus pastores creiam em Deus e tenham a coragem de anunciar as suas maravilhas e as alegrias (Boa Nova, Boa Notícia). Assim como Maria teve a coragem de sair de sua “casa” e ir em socorro de Isabel: que etimologicamente significa a casta, a pura; ou seja, a que mantém na integridade a promessa de Deus. Zacarias (Zikkaron= memória), guarda o testemunho dos justos, dos profetas, da fidelidade de Deus para com seu povo. Eles (Isabel e Zacarias) são chamados de justos pelo anjo. Maria vai a “casa” de Zacarias. Não se trata apenas de lugar, mas do coração da antiga Lei. Leva consigo a realização e o cumprimento Dela. Jesus não sai do Zikkaron. Ele é a palavra e o fundamento dessa memória. A antiga aliança encontra da parte de Deus e de muitos, como os profetas e de outros, a justiça, a fidelidade e o compromisso. Jesus é o próprio Deus que veio ao encontro do seu povo, que espera ansiosamente a promessa e a bênção. Vejam Simeão e Ana no templo. Representam a todos que esperam confiantes na palavra de Deus que ele se lembre do seu povo. São os simples, os humildes e justos que reconhecem e acolhem Jesus. 
A visita de Maria a sua prima relembra a passagem de 2 Samuel 6 quando a arca da aliança é transportada para a casa de Obed-Edon, uma vez que Davi teve medo de recebê-la em sua casa dizendo: “como pode a arca do Senhor vir a minha casa?” (2Sm 6,9). A arca permanece na casa de Obed-Edon por três meses abençoando aquela família. Isabel reconhece Maria como tabernáculo puríssimo do Senhor. Reconhecendo-a como a Teotokos (a mãe de Deus). 
Maria leva a Isabel e a João Batista a boa nova, a mensagem da alegria: “logo que tua saudação ressoou nos meus ouvidos a criança estremeceu de alegria no meu ventre” (Lc 1,43). A primeira e fundamental das doze bem aventuranças é esta, ligada ao ato de crer: “feliz aquela que creu...”. Crer é fundamentalmente a atitude de quem permitiu ser tocado por Deus. É atitude do discípulo, que no exercício da escuta, despertou o sentido de obedecer ao convite do Senhor para uma nova vida e para testemunhar a sua mensagem de alegria. Maria é modelo e sinal para a Igreja por que na sua atitude expressa pelos verbos: “tendo-se levantado”, gesto de combate, de vitória, de prontidão e sobretudo de ressurreição; “ela põe-se a caminho”, peregrinou, como Abraão, enfrentou os desafios; “entrou na casa de Zacarias”, lugar físico, histórico, mas também teológico. São os lugares de missão de hoje. 
Como Maria devemos ter a coragem de nos colocarmos de pé, de estarmos a caminho. Para onde? Para os diversos lugares, as diversas casas onde houver necessidade do serviço missionário, do testemunho da esperança e da alegria. A missão não pode ser protelada. “Apressadamente” indica a urgência de ver acontecer as maravilhas de Deus. 
Deus se lembra sempre de sua aliança, de seu povo, dos seus escolhidos. Não tenhamos medo de Deus, não desistamos de esperar por ele; de deixá-lo rezar em nós antes de rezarmos a ele. De virmos incansavelmente a sua procura. Deus nos ama e a prova disso é que quis permanecer conosco na eucaristia, como sacramento, como memorial (Zikkaron) de sua paixão, morte e ressureição. 
Peçamos a Virgem Maria, que se pôs à disposição de Deus, que nos ajude a sermos verdadeiros discípulos missionários do Pai, levando a Cristo aonde formos enviados. 

Seminarista Edgar Alves

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

PROGRAMAÇÃO DO GRITO DOS EXCLUÍDOS


9h – Concentração: ao lado da Catedral; 

Hino Nacional; 
Apresentações: Banda Pé de Serra – MST / Batucada do Levante (Celso) / Teatro Cáritas (Carneiro-Clenan:Discurso/Revolução)/ MOPS: Prevenção de Droga/ Teatro da Marcha das Mulheres: A Violência contra a Mulher;/Apresentações de Jovens: Paródia da JMJ; Batucada dos Jovens Quilombolas; 
10h - Ato Celebrativo e Cultural/Mística: 
11h – Marcha: Roteiro: Rua Santa Luzia, Rua Maruim, Av. Ivo do Prado, Av. Barão de Maruim, Praça da Bandeira; 
13h – Encerramento na Praça da Bandeira: Palavra de Encerramento; 
Canto “Ordem e Progresso” .


terça-feira, 3 de setembro de 2013

Jornada Mundial da Juventude, moção do Espírito Santo para os nossos tempos




 
Participar da Jornada Mundial da Juventude no Brasil foi o culminar de um chamado feito a toda Igreja, em Madri, na ocasião da XXVI JMJ, no ano de 2011, pelo Papa Bento XVI, hoje emérito, através do qual confirmamos a nossa fé, junto a Pedro, o Papa Francisco. A JMJ, em cada edição se mostra cada vez mais uma grande e verdadeira expressão da universalidade da Igreja, que impulsionada pelo Espírito Santo, atravessa os séculos proclamando a fé. Como não olhar para os mais de três milhões de peregrinos, vindos de todos os lugares do mundo e não se perguntar sobre isto?

O questionamento acima foi feito e respondido por vários segmentos da sociedade, todavia, apenas pela fé poderemos encontrar uma resposta plena, pois diante dos testemunhos dos que participaram de outras jornadas, com certeza o Senhor operou grandes coisas, das quais só tomaremos conhecimento quando forem testemunhadas. Numa mistura de alegria, emoção, fé, amor, fraternidade..., a Jornada Mundial da Juventude Rio 2013, repleta da Boa Nova do Salvador, encantou o Brasil e o mundo. Aqueles que lá estavam e os que a acompanhavam pelos meios de comunicação puderam contemplar a grandeza de Deus presente em todos os séculos, para salvação de todos; puderam vislumbrar a poderosa ação do Espírito Santo que anima, afervora, congrega e santifica toda a Igreja.


Pela celebração dos santos mistérios o Senhor nos mostrava a sua face e através do seu Vigário, quis alcançar um mundo ferido pelo império do ter sobre o ser; quis olhar nos olhos dos jovens e os convidar a verdadeira vida, plena de sentido, empregada no amor e na fé, em Cristo Morto e Ressuscitado, contrapondo às ondas tenebrosas dum mundo que não sabe aonde vai. Sendo assim, Cristo também quis nos trazer Francisco, Papa; trouxe-nos como um sinal de contradição, na pregação e vivência dum amor sincero, da humildade,da caridade..., demonstrando em cada gesto que devemos nos enxergar como irmãos, filhos do mesmo Pai.


Expressando-se através da Palavra de Deus, "Ide e fazei discípulos entre todas as nações" (Mt 28,19), a JMJ Rio 2013 nos convida a missão.  Assim, imbuídos deste mandato de Jesus, continuamos a peregrinar proclamando a fé em todo mundo.
Seminarista Joranne Fagner

segunda-feira, 2 de setembro de 2013

SEMINÁRIO MAIOR PROMOVERÁ III SHOW PROFETAS QUE CANTAM: Vozes que evangelizam!

Anualmente, o Seminário Maior Nossa Senhora da Conceição realiza o Show dos Profetas que Cantam, com a finalidade de congregar os fiéis para um momento de descontração e, ao mesmo tempo, de evangelização por meio da música. Além disso, tem por meta arrecadar fundos para a manutenção da estrutura do Seminário, casa de formação dos futuros pastores da Igreja particular de Aracaju e das outras dioceses.
O Show deste ano, que está na 3ª edição, será realizado no dia 28 de setembro de 2013, sábado, na área externa do Seminário Maior, a partir das 18h com a Celebração Eucarística e, em seguida, as apresentações musicais. O ingresso custa somente R$ 7,00 e está à venda com os seminaristas, como também no próprio Seminário Maior.
Os profetas que cantarão são: Padre José Genivaldo Garcia, Padre Peixoto, Padre Adeilson Carlos, Padre Fernando Ávila, Padre Fabiano e mais, fora a participação do coral dos seminaristas.






VENHAM PARTICIPAR!