domingo, 19 de junho de 2011

CAMINHAR CONOSCO

Moisés foi o grande interlocutor do povo hebreu com Deus. Apesar das ações divinas sempre em favor do povo, este não era fiel ao Senhor. O líder do encaminhamento dos judeus para a terra prometida acentuava a bondade e compaixão do Criador, que respondia com o perdão, a misericórdia e a benevolência, mesmo depois da apresentação dos mandamentos gravados nas tábuas da lei, que foram quebradas, como conseqüência da idolatria do povo. Se o Senhor não caminhasse com a multidão esta se descontrolaria, a ponto de não conseguir o objetivo da peregrinação pelo deserto rumo à libertação: “Senhor, se é verdade que gozo de teu favor, peço-te, caminha conosco; embora este seja um povo de cabeça dura, perdoa nossas culpas e nossos pecados e acolhe-nos como propriedade tua” (Êxodo 34, 8-9).
A autossuficiência humana leva muitos ao desvario da conduta, colocando sua meta na conquista de seus ideais mesquinhos, com todas as conseqüências danosas para si e todos: injustiças, desrespeito à vida do e no planeta, bem como à dignidade da pessoa humana, da família, dos desconsiderados e indefesos na ordem social... Então se colocam o ter vantagens pessoais a qualquer custo e a política usada para interesses de elites com corrupção. Faz-se muito uso da ciência e do desenvolvimento econômico para benefício de minorias em detrimento dos demais. Há falta de ética e desrespeito aos ditames morais. O materialismo é imposto por determinados grupos de comando da coisa pública e da comunicação, a título de ser o Estado laico e da não consideração de valores inerentes à vida, ao sexo e a religião.
Se não houver a aceitação da caminhada de Deus com a humana na história, o ser humano se torna desumano e se deixa levar pela irracionalidade dos instintos com todas as conseqüências negativas. Felizmente temos imensas multidões com o dom da fé sobrenatural no Criador, que pensam e agem sob a aceitação da ternura e da bondade do Senhor. Recorrem a Ele sempre com gratidão, súplica confiante e oferta de si como correspondência à sua ação amorosa. Obedecem aos ditames da lei da bondade, inoculada no coração de cada ser humano pelo próprio Deus. Crêem no Filho de Deus a ponto de seguir sua pessoa, seus ensinamentos e as orientações de quem ele deixou para nos indicar a vida de união, os meios coadjuvantes e a meta a ser buscada, mesmo nos desafios da caminhada. A Igreja não é se não um instrumento apto e eficaz para congregar a todos como família de Deus e indicar, como verdadeira luz, o sentido da vida para todos. A força da leitura orante da palavra do Senhor coloca a pessoa na atitude de confiança semelhante à de Moisés diante de Deus. Mais ainda: a faz ter verdadeiro colóquio amoroso e de entrega confiante nas mãos do Senhor, a exemplo de Jesus em relação ao Pai.
Realizar o projeto de Deus em nossa vida é fazer a história qual uma colocação do cimento de seu amor na construção de nossa caminhada. Com Deus somos capazes de criar a nova terra prometida aqui no nosso chão, unindo-nos no amor divino e tornando-nos verdadeiramente humanos. Como Deus é um só na conjugação das três pessoas, também nós viveremos como sua imagem e semelhança na união do amor.

Dom José Alberto Moura, CSS
Arcebispo Metropolitano de Montes Claros - MG

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