“Ele lhes disse de novo: A paz esteja
convosco! Como o Pai me enviou, também eu vos envio”. (João 20, 21).
Irmãos, a pedagogia de Jesus é
de alto nível, mas é de entendimento de todos. O versículo supracitado é o
relata uma de suas aparições. Anteriormente ao envio, o Senhor chega no momento
em que os seus discípulos estão reunidos. Era um dia especial: o primeiro da
semana! Ele oferece a Sua paz e, em seguida, mostra-se quem realmente Ele é.
Surge então uma problemática:
Jesus está ressuscitado; vai visitar os amigos. Tudo estava indo bem, como o
enredo de um conto. Mas, eis que Jesus provoca a realidade cômoda dos
discípulos: “Como o Pai me enviou, também
eu vos envio”. Isto quer dizer: se levantem! Saiam anunciando as maravilhas
que foram realizadas. A visita de Jesus não era para uma festa, por incrível
que pareça, era, na verdade, uma cobrança de reação: Saiam do comodismo e vão
evangelizar. Façam que o Reino de Deus seja conhecido.
Imaginemos, pois, que tipo de
Apóstolos e Discípulos que Jesus tinha. Não era possivel deixar tudo se perder.
Presos em uma casa, escondidos, eles iam ser uma iriam enterrar os talentos.
Mas, a graças da parte de Jesus interrompeu aquele marasmo entre eles e tudo
mudou. E nós, hoje, como estamos agindo ou reagindo as provocações do
Evangelho? Estamos no comodismo em um lugar fechado ou estamos correndo os
riscos? Enfrentamos perigos, chuvas, secas e as diversas realidades
missionárias existentes ao nosso redor? É algo a se pensar!
Outra questão é a auto-crítica
que nos interpela sempre: “estou pronto”? Quando estava me preparando para o
primeiro encontro vocacional, dizia a Deus: ainda não me vejo pronto para ser
Padre, mas deixo que o Senhor tome a decisão. Quando já fazia os encontros, de
novo rezava: Senhor não sei se estou pronto para morar no Seminário, mas estou
em suas mãos. A dúvida sobre estar pronto é constante em nossa vivência no
seminário. A cada degrau que subimos em direção à confirmação vocacional encontramos
incertezas; o novo nos causa dúvidas, mas ainda assim sabemos o que queremos e
que o podemos. O fato de “estar pronto” para a missão para a qual Jesus nos
chama depende da fé que depositamos no Reino de Deus, no céu, no já e ainda não. Não podemos estar
amarrados como os Discípulos. Só saberemos arriscando, nos colocando a caminho.
Por isso, seja a fração do Pão,
que nos alimenta durante o caminho vocacional, a nutrição que dá a força e
coragem. É a partir de Jesus Eucarístico que nos colocamos em saída, e do
futuro só esperamos o novo. Neste caminho de amor tudo é inédito. Só uma coisa
é eterna, é Jesus, que sempre nos acolhe e está disposto a caminhar conosco. A
missão é-nos nova, mas Jesus é o mesmo: O enviado do Pai, que nos dá a Sua paz
e nos envia para a sua missão.
Roberto Rosa, seminarista da Arquidiocese de Aracaju,
natural da cidade de Maruim-SE, estudante do 4º ano de teologia, desempenha
atividade pastoral missionária na paróquia São Francisco de Assis, na cidade de
Macambira-SE.