sexta-feira, 11 de novembro de 2016

DOM JOÃO PARTICIPA DO V CONGRESSO NACIONAL DA CÁRITAS BRASIL


Depois de importantes momentos de preparação para o V Congresso Nacional, com caravanas territoriais, caravanas regionais, pré-congressos inter-regionais e um seminário nacional, a Cáritas Brasileira começou na tarde desta quarta-feira, dia 9 de novembro, a culminância dessa caminhada e das comemorações pelos 60 anos da entidade. Agentes Cáritas de diferentes partes do Brasil e do mundo, parceiros(as) e convidados(as) estão compartilhando espaços de reflexão e celebração. Também darão sua parcela de contribuição para a análise sobre a realidade sociopolítica e econômica do país, sobre a conjuntura da Igreja e da própria Rede Cáritas, e ainda sobre a definição das novas prioridades estratégicas da instituição para os próximos 5 anos. O congresso está ocorrendo no Santuário Nacional de Nossa Senhora da Conceição Aparecida, em Aparecida (SP).
A recepção às delegações ocorreu durante uma mística que representou a aparição da imagem de Nossa Senhora da Conceição Aparecida nas águas do rio Paraíba, em 1717. Embalados(as) pelas músicas A de Ó (Estamos Chegando), de Milton Nascimento, e Negra Mariama, os e as participantes foram acolhidos e acolhidas no V Congresso Nacional da Cáritas Brasileira (V CNCB). A imagem peregrina de Nossa Senhora entrou na plenária sem a capa e a coroa, nas mesmas condições em que foi encontrada pelos pescadores no Paraíba. Já no palco do congresso, a imagem recebeu a capa e foi coroada. Em seguida, dom João José Costa, presidente da Cáritas Brasileira, abençoou as pessoas presentes e o encontro.
A mesa de abertura do V CNCB foi composta por dom João Costa; irmã Lourdes Staudt Dill, vice-presidente da Cáritas; Michel Roy, secretário-geral da Caritas Internationalis; padre Francisco Hernández Rojas, coordenador regional do Secretariado Latino-Americano e Caribenho da Cáritas (Selacc); dom José Moreira de Melo, bispo da Diocese de Itapeva (SP);  e Antônio Marcio de Siqueira, prefeito de Aparecida. Dom João Costa falou sobre a grande missão da Cáritas de erradicar a pobreza e trabalhar na defesa dos direitos dos que mais necessitam e sofrem. Ele destacou que a Cáritas Brasileira assume o grande apelo do Papa Francisco de defender os “sem voz, porque o seu grito foi escurecido e se apagou por causa da indiferença dos povos ricos”.
O presidente da Cáritas Brasileira ainda ressaltou o empenho e dedicação dos agentes leigos e leigas e dos voluntários e voluntárias da Rede Cáritas, que desenvolvem atividades diferenciadas em todo o território nacional, auxiliando as pessoas na transformação das suas vidas e trazendo esperança e perspectivas novas de futuro. Deu as boas-vindas a todos e todas e finalizou desejando que, a partir das “reflexões e partilhas [do V CNCB], possamos encontrar novos caminhos para concretizar a nossa missão enquanto Cáritas Brasileira”.

Texto compartilhado do site: http://caritas.org.br/comeca-o-v-congresso-nacional-da-caritas-brasileira/35457.


CONFIRA ABAIXO O DISCURSO COMPLETO DE DOM JOÃO COSTA: 


V Congresso Nacional da Cáritas Brasileira
09 de novembro de 2016

“Quem vive a missão da Cáritas não é um mero agente, mas uma testemunha de Cristo. Uma pessoa que procura Cristo e se deixa procurar por Ele; que ama com o espírito de Cristo, o espírito da gratuidade, o espírito do dom” (Papa Francisco).

No inicio deste Congresso Nacional da Cáritas Brasileira, na casa da nossa querida Mãe Aparecida, saúdo o Eminentíssimo Cardeal Dom Raimundo Damasceno, meus irmãos Bispos, padres, religiosos e religiosas, leigos e leigas que atuam na Cáritas das diferentes regiões do nosso País, na pessoa do senhor Prefeito da cidade de Aparecida, saúdo todas as autoridades civis constituídas.
É uma alegria imensa estarmos reunidos e reunidas para refletirmos sobre a missão-pastoralidade da Cáritas nas diferentes realidades. Queremos, como Igreja, vivenciar os ensinamentos do Mestre Jesus, que nos lembra constantemente o grande mandamento do amor a Deus e ao próximo: “Amarás o Senhor teu Deus, de todo o teu coração [...] e a teu próximo como a ti mesmo” (Lc 10, 27). E ainda, como nos apresenta Mateus na parábola de Jesus sobre o juízo final, onde Ele se identifica com os mais pobres: marginalizados, famintos, sedentos, forasteiros, nus, enfermos e encarcerados. Jesus nos ensina que o amor a Deus se concretiza no amor ao próximo (cf. Mt 25,31-46).
Em resposta ao grande apelo de Jesus, a Igreja no Brasil tem buscado estar próxima aos mais pequeninos, ajudando-os a encontrar meios para uma vida mais digna. É neste contexto que há 60 anos nasceu a Cáritas brasileira. A Cáritas foi fundada no dia 12 de novembro de 1956 pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), contou com a colaboração de Dom Helder Câmara e Dom José Távora. No início, recebeu como missão articular todas as obras sociais católicas e assumir a distribuição do Programa de Alimentos para a Paz subsidiado pelo governo estadunidense como um dos eixos de uma ação maior chamada “Programa Aliança para o Progresso”, implementada após a Segunda Guerra Mundial. Podemos dizer que a ação da Cáritas é a encarnação do Evangelho no seio da Igreja. Portanto, não é possível separar a missão da Cáritas do Evangelho de Jesus Cristo - da Missão da Igreja. A Cáritas está no coração da Igreja como vocação para promoção da vida. (Cf. Deus caritas est 31).  Exorta-nos ainda o papa Francisco que “O serviço da caridade é uma dimensão constitutiva da missão da Igreja e expressão irrenunciável da sua própria essência. Assim como a Igreja é missionária por natureza, também brota inevitavelmente dessa natureza a caridade efetiva para com o próximo, a compaixão que compreende, assiste e promove.” (EG 179).
Contamos hoje com aproximadamente 10 mil agentes comprometidos na defesa da vida, os quais na sua grande maioria são voluntários com atividades diferenciadas em todo o território nacional. Auxilia e ajuda as pessoas na transformação de suas vidas, trazendo esperança e perspectivas novas de futuro.
Por que queremos celebrar o Jubileu da Cáritas? Gostaria de lembrar que no Primeiro Testamento o tempo de Jubileu era um momento de Paz e Reconciliação, um tempo de festa e perdão. Um tempo de Graça Divina. No livro do Deuteronômio está escrito: “Não deverá haver pobres no meio de ti, porque o Senhor, teu Deus, te abençoará certamente na terra que te dá como posse hereditária, contanto que obedeças fielmente à voz do Senhor, teu Deus, pondo cuidadosamente em prática os mandamentos que hoje te imponho” (15, 4-5).
A Cáritas tem a missão de erradicar a pobreza e trabalhar na defesa dos direitos dos que mais necessitam. A nossa missão, enquanto Cáritas brasileira, é: “Testemunhar e anunciar o Evangelho de Jesus Cristo, defendendo e promovendo a vida e participando da construção solidária de uma sociedade justa, igualitária e plural, junto com as pessoas em situações de exclusão social”.
A Cáritas brasileira assume o grande apelo do Papa Francisco de defender os “sem voz, porque o seu grito foi esmorecido e se apagou por causa da indiferença dos povos ricos”. E continua o papa insistindo que é missão de todos ajudar os que sofrem: “A Igreja se sentirá chamada ainda mais a cuidar destas feridas, a aliviá-las com o óleo da consolação, a enfaixá-las com a misericórdia e tratá-las com a solidariedade e a atenção devidas” (Cf. MV 15). Convido a todos nós que participamos deste Congresso, membros da Cáritas, a assumirmos esta grande missão.
Nossa gratidão a todos os que colaboraram de forma direta ou indireta com o trabalho da Cáritas nestes anos. Gostaria de lembrar especialmente dos que foram Presidentes da Cáritas Brasileira: Dom José Távora, Dom José Gonçalves da Costa, Dom Aloísio Lorscheider, Dom Lucas Moreira Neves, Dom Gilberto Pereira Lopes, Dom Nivaldo Monte, Dom Eduardo Koaik, Dom Affonso Felippe Gregory, Dom Jacyr Francisco Braido, Dom Luiz Demétrio Valentini. Da mesma forma agradecemos a todos os agentes leigos e leigas da Cáritas pelo seu empenho e dedicação nesta grandiosa missão.
Peçamos a Cristo, o Bom Pastor, que nos ajude a partir das reflexões, partilhas e celebrações a encontrar novos caminhos para realizar bem a nossa missão como Cáritas Brasileira. Que Nossa Senhora Aparecida, mãe negra e padroeira do Brasil, nos ajude a servir o seu filho Jesus nos mais pobres e necessitados de nossa sociedade.

 


Dom João José Costa
Presidente da Cáritas Brasileira e
Arcebispo Coadjutor de Aracaju


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