terça-feira, 13 de março de 2012

Vocação: onde Deus o chama?


Vocação. Eis aí um vocábulo tão recorrente em nossa sociedade hodierna. Fala-se de vocação em vários segmentos do mundo contemporâneo, para designar a profissão que as pessoas desejam trilhar, por exemplo: ser médico, administrador, psicólogo etc. E também a opção vocacional escolhida por elas; entre outras destacamos: o casamento, o sacerdócio, a vida religiosa, a vida laical etc. Mas afinal o que é vocação? Quais as dimensões vocacionais que encontramos em nossa Igreja? A proposta da nossa reflexão é exatamente esta: tentar responder a essas duas proposições. Vejamos.

Primeiramente devemos partir da origem etimológica da palavra em questão. Lembremos que no nosso caso é vocação. Assim devemos destacar que a origem dessa é latina e provém do verbo vocare = chamar, daí origina-se o substantivo latino vocatio, que significa: vocação, chamado. No popular dicionário Aurélio da língua portuguesa, encontramos algumas definições: ato de chamar, escolha ou predestinação, tendência e talento ou aptidão. Consideremos a opção latina vocatio, visto ser mais pertinente para nossa reflexão.

Antes de iniciarmos a reflexão para tentarmos responder a segunda pergunta da nossa proposta inicial, cremos que seja oportuno trazer à tona as palavras de Amedeo Cencini: “a vocação autêntica nasce no terreno fecundo da gratidão, pois vocação é uma resposta, não é uma iniciativa do indivíduo” (Redescobrindo o Mistério, p.51).  

Sendo assim, podemos apontar que, dentro da Igreja, a vocação pode ser entendida em três dimensões: a Humana, a Cristã e a Específica. A dimensão humana é a vocação que recebemos gratuitamente de Deus, ou seja, o homem é primeiramente chamado à existência, para assim desenvolver a dignidade humana. Essa dimensão é fundamental, pois sem desenvolvê-la é impossível sermos cristãos. Desse modo, devemos desenvolver todas as potencialidades que foram concedidas por Deus, em prol do semelhante, e conseqüentemente de uma sociedade mais justa e fraterna.   

Já a dimensão cristã compreende todos os batizados; nessa fase o chamado é para que sigamos a Jesus Cristo, e assim imitá-lo e sermos como Ele. A vocação cristã independe da opção vocacional de cada indivíduo, pois ela deve vir antes de qualquer escolha. Assim ninguém pode ser padre, por exemplo, se não for cristão. O autêntico cristão deve fazer a experiência do Cristo Vivo e Ressuscitado, dar testemunho d’Ele e também assumir os valores do Evangelho. Logo, todo batizado que se torna filho de Deus, deve assumir essa filiação, procurando imitar a Jesus em tudo.

A última dimensão desta reflexão será a específica, que são aquelas que caracterizam o estado de vida de uma pessoa. Entre outras apontamos: a vocação laical, que é vivida pelos leigos; o Catecismo da Igreja Católica define esses como sendo: “todos os cristãos, exceto os membros das Sagradas Ordens ou do estado religioso reconhecido na Igreja, isto é, os fiéis que, incorporados a Cristo pelo Batismo, constituídos em Povo de Deus e a seu modo feitos participantes da função sacerdotal, profética e régia de Cristo, exercem, em seu âmbito, a missão de todo o povo cristão na Igreja e no mundo”. (n. 897). Ela tem várias subdivisões, como a do matrimônio, do leigo consagrado, do solteiro. Temos ainda as vocações dos ministérios ordenados, que são os fiéis que recebem o Sacramento da Ordem. Elas se subdividem em três graus: diaconato, presbiterato e episcopado. Há também a vida consagrada, que consiste em homens e mulheres que se consagram a Deus através de uma Congregação, observando os votos de castidade, pobreza e obediência, procurando viver o carisma de um fundador, como os beneditinos, por exemplo, seguem o carisma de São Bento. Por fim, há a vocação missionária, que é o chamado àquele cristão que vai a uma terra distante, com o objetivo de levar o Evangelho de Jesus a outros povos e nações (cf. Mc 6, 6b-13), entretanto, tanto o padre, quanto o consagrado ou o leigo podem participar dessa vocação.   

Por fim, cremos que, no decorrer desta reflexão, conseguimos responder de maneira singela as nossas proposições iniciais. Permitam-me concluir com as palavras do nosso Arcebispo, Dom José Palmeira Lessa, sobre a temática da vocação: “o importante na vida é ser discípulo de Jesus, ser santo seguindo-O e servindo à Igreja na vocação que Deus nos quer presentear, isto é, onde Ele nos chama” (Pequena Via, n. 484). Terminada a nossa ponderação, resta perguntar-lhe: Onde Deus o chama? Você já parou para ouvir a Sua voz? A decisão é sua! Pax Domini! 
 
Por Seminarista Anderson Gomes da Silva
Graduando do 5º período de Filosofia do Seminário Maior Nossa Srª da Conceição.
Graduando do 8° período de Administração da Faculdade Amadeus.

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