quinta-feira, 31 de maio de 2018

Maria, Rainha dos céus!


Caríssimos e estimados irmãos e irmãs em Cristo Jesus,

No dia de hoje, 31 de maio, Solenidade do Corpo e do Sangue de Cristo, a Igreja peregrina, através da piedade popular, sempre unida à liturgia Celeste celebra a coroação da Virgem Maria, nossa Mãe e Mestra. Por isso, nosso coração se rejubila de alegria no Senhor neste dia, pois Deus a elevou ao mais alto dos Céus e a coroou Rainha, como figura-nos o livro do Apocalipse, no capítulo 12.
“Apareceu no Céu um grande sinal: uma Mulher revestida do sol, com a lua debaixo dos seus pés e na cabeça uma coroa de doze estrelas. Estava grávida e gritava em dores, sentindo angústias de dar à luz. Ela deu à luz um Filho, um menino, aquele que deve reger todas as nações pagãs com cetro de ferro. Mas seu filho foi arrebatado para junto de Deus e do seu trono” (Ap 12, 1-2, 5).  
É salutar lembrarmos que o livro do Gênesis relata a primeira profecia após a queda do homem em decorrência do pecado. Esta profecia (Gn 3,15) nos figura uma “Mulher” que pisaria na cabeça da serpente, antiga inimiga da humanidade, que seduziu os homens a desobediência e consequentemente a morte. A saber, aquela primeira mulher, Eva, por causa de sua desobediência a Deus causou a derrocada da humanidade.  Sendo assim, fica-nos uma angustiante interrogação, quem seria a “Mulher” da profecia? É o próprio Jesus Cristo, Senhor Nosso, quem nos responde, quando Ele no ápice da realização da sua oferta ao Pai como Cordeiro Pascal retoma a antiga passagem e cumpre a profecia. Profere a sua mãe e ao discípulo amado João aos pés da Cruz: “Mulher, eis aí teu filho”; filho, “eis ai tua mãe”... (João 19, 26-27). Assim sendo, Maria, Mãe do Filho de Deus, é a Mulher do Gênesis, do Evangelho e também do Apocalipse.  O mesmo discípulo que estava aos pés da Cruz, relata noutro livro escrito por ele, o Apocalipse, uma visão cósmica e mística de uma  “Uma Mulher”, aquela quem deu a luz um menino que governaria a terra com cetro de ferro, e que foi perseguida por um dragão, a antiga serpente do Genesis.           
No capítulo 12 do Apocalipse de São João, Nossa Senhora aparece no Céu de forma magnífica, revestida da Glória resplandecente da eternidade, onde sua luz equiparava com a do sol, tinha  a lua debaixo dos seus pés. Entretanto, em meio a tamanha beleza e grandeza, uma coisa nos chama atenção, ela usava uma coroa de doze estrelas. Intrigante, pois nos fica um questionamento, quem usa uma coroa se não uma Rainha? Notemos então, que em sua coroa, segundo o evangelista João, existem doze estrelas, o mesmo número dos apóstolos de Jesus, e das doze tribos de Israel, representando assim, a antiga e a nova aliança, o povo de Deus eleito e conquistado e salvo pelo sangue de Cristo na terra por meio do seu Sim a Deus.
Pio XII alude ainda uma belíssima passagem da bula "Ineffabilis Deus" da proclamação do dogma da Imaculada Conceição: "Deus fez a maravilha de enriquecê-la, acima de todos os anjos e santos, de tal abundância de todas as graças celestiais hauridas dos tesouros da divindade, que ela - imune de toda a mancha do pecado e toda bela - apresenta tal plenitude de inocência e santidade, que não se pode conceber maior abaixo de Deus, nem ninguém a pode compreender plenamente senão Deus”.  O Venerável Pio XII em exercício do seu sagrado magistério apostólico nos ensina aquilo que é verdade de Fé na consciência do povo Cristão, nas sagradas Escrituras e na Tradição da Igreja desde os primeiros séculos, Maria é a criatura mais perfeita, santa e bela feita por Deus, o vaso sagrado ao qual Deus quis primeiro habitar, quando no momento fixado desde toda a eternidade, atravessou o abismo infinito do tempo, e se fez carne no ventre de Maria.
Tamanha pequenez de criatura e grandeza de serva fiel, Maria, adquiriu em decorrência de sua obediência ao Criador, um inimigo perverso, que a teme desde a Criação. Inimiga conhecida, a serpente, personagem que  continua com sua inimizade no Apocalipse: “Depois apareceu no Céu outro sinal no Céu: um grande Dragão Vermelho, com sete cabeças e dez chifres, e nas cabeças sete coroas. Varria com sua cauda uma terça parte das estrelas do Céu, e as atirou a terra. Esse dragão deteve-se diante da Mulher que estava para dar a luz, a fim de que, quando ela desse a luz, lhe devorasse o filho” (Ap 12, 3-4). O dragão, o qual João tem a visão, é Lúcifer, que também é chamado de serpente, ele enganou a terça parte dos anjos que estavam nos Céu.
Meus nobres irmãos em cristo, quando Cristo foi morto na Cruz, aconteceu a Redenção da humanidade. Foi a entrega de Jesus como Cordeiro sacrifical que nos redimiu e nos libertou das mãos da antiga serpente. Ali, no Calvário, aconteceu a derrota de Satanás na terra. O santo padre, o Papa Pio XII eloquentemente continua a dizer aos filhos seus: “ela (Maria) se ofereceu no Calvário ao Eterno Pai, sacrificando seu amor de mãe em benefício de toda a humanidade manchada pelo pecado”.  De verdade, na cruz aconteceram dois sacrifícios, o Sacrifício Único e Redentor de Cristo e o da sua Mãe, que ofertou ao Pai o seu amor de Amor materno ao ver seu Filho morto inocentemente.
Por isso, assim como Jesus é Rei, não só por ser o Filho de Deus, mas também por ser o nosso Redentor, assim, pode-se afirmar que Maria é Rainha, não só por ser a Mãe de Deus, mas também porque associou-se a Cristo na redenção do gênero humano.
Concluindo esta nossa humilde reflexão, reportamo-nos ao Papa Pio XII com uma belíssima oração sua dedicada ao dia da Coroação de Maria: “Reinai, ó Mãe e Senhora, mostrando-nos o caminho da santidade, dirigindo-nos e assistindo-nos para que dele nunca nos afastemos. Reinai sobre as inteligências, para que não procurem senão a verdade; sobre as vontades para que sigam somente o bem; sobre os corações para que amem unicamente o que vós mesma amais”.  Amém!
Domina Regina, ora pro nobis!

Seminarista Thiago Meneses 
1º ano de Teologia