terça-feira, 27 de novembro de 2018

DOAR SANGUE É DOAR VIDA

      
      Na proximidade do dia 25 de novembro, dia Nacional do Doador Voluntário de Sangue, alguns seminaristas fizeram este gesto tão significativo e importante de doar sangue. Doar sangue é um ato de solidariedade humana, que ajuda a salvar milhares de vidas todos os dias, através das transfusões de sangue. Sangue, na Sagrada Escritura, significa a vida. O sangue dado, evoca a vida derramada, a vida tirada... O Senhor Jesus, dando-nos Seu Sangue, quis nos dar Sua existência vivida, o tempo todo como doação, como entrega, até o extremo da Cruz! Por isso, também nós somos convidados à este ato de solidariedade, cidadania, e acima de tudo, amor ao próximo. 
         Uma única doação de sangue, dura poucos minutos, e é suficiente para salvar várias vidas. “Seja solidário. Doe sangue. Compartilhe vida”.

Seminarista Lucas Rafael (Arquidiocese de Aracaju-SE)

Seminarista Romário (Diocese de Estância-SE)

sexta-feira, 9 de novembro de 2018

Anunciar o Reino do Jesus: O mandato do Eterno Jesus e a novidade missionária


“Ele lhes disse de novo: A paz esteja convosco! Como o Pai me enviou, também eu vos envio”. (João 20, 21).
Irmãos, a pedagogia de Jesus é de alto nível, mas é de entendimento de todos. O versículo supracitado é o relata uma de suas aparições. Anteriormente ao envio, o Senhor chega no momento em que os seus discípulos estão reunidos. Era um dia especial: o primeiro da semana! Ele oferece a Sua paz e, em seguida, mostra-se quem realmente Ele é.
Surge então uma problemática: Jesus está ressuscitado; vai visitar os amigos. Tudo estava indo bem, como o enredo de um conto. Mas, eis que Jesus provoca a realidade cômoda dos discípulos: “Como o Pai me enviou, também eu vos envio”. Isto quer dizer: se levantem! Saiam anunciando as maravilhas que foram realizadas. A visita de Jesus não era para uma festa, por incrível que pareça, era, na verdade, uma cobrança de reação: Saiam do comodismo e vão evangelizar. Façam que o Reino de Deus seja conhecido.
Imaginemos, pois, que tipo de Apóstolos e Discípulos que Jesus tinha. Não era possivel deixar tudo se perder. Presos em uma casa, escondidos, eles iam ser uma iriam enterrar os talentos. Mas, a graças da parte de Jesus interrompeu aquele marasmo entre eles e tudo mudou. E nós, hoje, como estamos agindo ou reagindo as provocações do Evangelho? Estamos no comodismo em um lugar fechado ou estamos correndo os riscos? Enfrentamos perigos, chuvas, secas e as diversas realidades missionárias existentes ao nosso redor? É algo a se pensar!
Outra questão é a auto-crítica que nos interpela sempre: “estou pronto”? Quando estava me preparando para o primeiro encontro vocacional, dizia a Deus: ainda não me vejo pronto para ser Padre, mas deixo que o Senhor tome a decisão. Quando já fazia os encontros, de novo rezava: Senhor não sei se estou pronto para morar no Seminário, mas estou em suas mãos. A dúvida sobre estar pronto é constante em nossa vivência no seminário. A cada degrau que subimos em direção à confirmação vocacional encontramos incertezas; o novo nos causa dúvidas, mas ainda assim sabemos o que queremos e que o podemos. O fato de “estar pronto” para a missão para a qual Jesus nos chama depende da fé que depositamos no Reino de Deus, no céu, no já e ainda não. Não podemos estar amarrados como os Discípulos. Só saberemos arriscando, nos colocando a caminho.
Por isso, seja a fração do Pão, que nos alimenta durante o caminho vocacional, a nutrição que dá a força e coragem. É a partir de Jesus Eucarístico que nos colocamos em saída, e do futuro só esperamos o novo. Neste caminho de amor tudo é inédito. Só uma coisa é eterna, é Jesus, que sempre nos acolhe e está disposto a caminhar conosco. A missão é-nos nova, mas Jesus é o mesmo: O enviado do Pai, que nos dá a Sua paz e nos envia para a sua missão.

Roberto Rosa, seminarista da Arquidiocese de Aracaju, natural da cidade de Maruim-SE, estudante do 4º ano de teologia, desempenha atividade pastoral missionária na paróquia São Francisco de Assis, na cidade de Macambira-SE.

quarta-feira, 31 de outubro de 2018

ENCERRAMENTO DO MÊS MISSIONÁRIO

     O Conselho Missionário de Seminaristas (COMISE) do nosso seminário, por ocasião do encerramento do mês dedicado às missões, promoveu momentos de testemunho, formação e oração pela atividade mais sagrada da Santa Igreja, a missão.

          No dia 29, segunda, o padre italiano Flavio Picollin (membro do Pontifício Instituto para as Missões Exteriores) ofertou a Santa Missa por todos os missionários e, em seguida, em um momento de partilha e testemunho, falou sobre a realidade missionária na qual esteve dedicado por três antes de vir para o Brasil. Em Camarões, África, o padre viveu sua primeira experiência "Ad gentes", onde pôde experimentar a catolicidade da Igreja. 
       O seu exemplo de coragem e amor ao Reino de Deus, que veio para todos os povo, é razão de alegria e entusiasmo para toda nossa comunidade.
      No dia 30, o seminário recebeu um numeroso grupo de crianças e jovens da IAM (Infância e Adolescência missionária) e JM (Juventude Missionária) da paróquia Nossa senhora Rosa Mística (conj. Marcos Freire III) acompanhados pelos pais e pela irmã Cleonice (coordenadora da estadual da IAM) para a oração do terço Missionário. Em cada mistério do terço rezaram pela missão nos cinco continentes. À vista disso, as ave-marias foram rezadas em diferentes línguas, demonstrando a universalidade da oração e missão da Igreja. Em seguida o Diácono José Adielmo (Diocese de Estância) conduziu uma breve reflexão sobre o Decreto "Ad Gentes".
"Onde há povo, há missão. Onde há missão, há mil razões para ser feliz"










Seminário Maior realiza I Cantata Natalina - Veni Emmanuel


sexta-feira, 19 de outubro de 2018

I SIMPÓSIO MISSIONÁRIO PARA SEMINARISTAS E FORMADORES





            Os seminaristas do Seminário Maior de Aracaju participaram do Simpósio Missionário para Seminaristas e Formadores para o Regional NE-3 - que compreende Bahia e Sergipe- e reuniu em Feira de Santana 237 seminaristas, 17 padres formadores, de 25 dioceses. 


          O centro de Evangelização Dom Itamar Vian sediou o encontro promovido pela OSIB, COMIRE e COMISE's e pela Faculdade Católica de Feira de Santana, cujo tema "Missionário Presbítero para uma igreja em Estado permanente de missão: desafios e perspectivas no mundo de hoje" foi desenvolvido pelo padre Daniel Luz Rocchetti, doutor em missiologia. A abertura do simpósio foi marcado com a celebração da Santa Missa ofertada por Dom Giovanni Crippa (bispo de Estância e referencial para a missão) na capela do Mosteiro Imaculada Conceição da Mãe de Deus.

          Conferências, partilhas, plenária compuseram o espaço de interação, de diálogo e reflexão sobre a realidade urgente da missionaridade. Com atividades como essa espera-se que aumente entre os futuros Sacerdotes uma consciência aberta as necessidades missionárias. A Santa Missa que encerrou o encontro fora presidida por Dom Zanoni, arcebispo metropolitano de Feira de Santana.

Diocese de Estância- SE

Cartaz do I Simpósio Missionário para Seminaristas e Formadores

Diocese de Propriá-SE
Arquidiocese de Aracaju-SE


Missa de encerramento com Dom Zanoni


24 ANOS DE FUNDAÇÃO DO SEMINÁRIO MAIOR



O Seminário Maior Nossa Senhora da Conceição celebrou seu vigésimo aniversário de fundação. De fato, a ocasião reclama uma celebração gaudiosa dada a relevância do que este seminário significa para a formação do clero local, bem como  sua reconhecida contribuição a formação dos cleros de dioceses além da Província de Aracaju.
Era 7 de outubro de 1994 quando Dom Luciano Cabral Duarte (arcebispo de Aracaju), Dom José Palmeira Lessa (até então bispo de Propriá) e Dom Hidelbrando (Bispo de Estância) acordaram em reunião na cúria metropolitana de Aracaju a criação do Seminário Maior Nossa Senhora da Conceição. A medida buscava corresponder a uma necessidade urgente. Pois, além da escassez de vocações a formação dos vocacionados era fracionada em Seminários espalhados pelo país. Assim, a fomentação da criação do Seminário em Aracaju afinava-se com a prescrição canônica que afirma: “é dever e direito próprio e exclusivo da Igreja formar os que se destinam aos ministérios sagrados.” (Cân. 232). Nesse ínterim, considerando as exigências particulares de cada Igreja e visando uma formação personalizada, o seminário local proporcionaria uma maior eficiência. (cf. Cân. 245 - § 2).
Desta forma, para dar início as atividades do Seminário, na mesma reunião fora nomeado como primeiro reitor, o padre Carlos Alberto (atual bispo de Itabuna/BA). De modo um tanto improvisado, a primeira turma do seminário de Aracaju, constituído por oito seminaristas,instalou-se no Convento São Francisco de Assis, cidade de São Cristóvão.  Com o aumento do número de seminaristas, foi necessário transferir a sede do seminário do Convento em São Cristóvão para a sede do Seminário Menor, no bairro Industrial de Aracaju; até que no 2000 deu-se início a construção da sede na qual até hoje o seminário está instalado, no bairro Lamarão em Aracaju.
O crescimento do Seminário em números de vocações assim como organização estrutural e acadêmica é fruto do crescimento de uma cultura vocacional na comunidade católica de Sergipe. E, nesse sentido, a Oração pelas vocações sacerdotais e religiosas escrita por Dom Luciano na Sacristia da Capela São Salvador, centro de Aracaju, foi responsável por criar essa cultura de promoção, abertura e manutenção das vocações. O povo pediu ao Senhor da messe pastores segundo Seu coração e Ele assim lhe concedeu.
A Igreja reconhece que a formação do futuro clero é uma tarefa para a qual se deve dedicar atenção. Os tempos hodiernos, por sua complexidade, mais do nunca, exigem essa determinada atenção. De modo que, no seminário a formação não se ocupa em primeira instância com números de seminaristas, mas, sobretudo com a “formação integral” dos candidatos - protagonistas da formação - ao sacerdócio ministerial. Por isso cada seminário deve compor seu projeto formativo (cf. Ratio Fundamentalis, 2016, nº 10), isto é, um “itinerário” que efetive as etapas pedagógicas da formação em suas dimensões, isto é, espiritual, intelectual, humano-afetiva, comunitária e missionária-pastoral. Apesar de todos os desafios, a vida comunitária no seminário dá testemunho da fraternidade evangélica para a qual Jesus Cristo chamou os seus discípulos. O seminário é o lugar para estar e se configurar a Cristo, o Sumo Eterno Sacerdote. (cf. Hb. 2, 9).
Nesse sentido, a celebração de aniversário do seminário significa a oportunidade de uma reflexão, além de histórica, que busca dar cumprimento e continuidade a obra de Cristo: um pastoreio segundo seu Sagrado Coração, como afirma a Pastores Dabo Vobis. (cf. nº 2). Atualmente, além de formar os seminaristas da Aracaju, Estância e Propriá, estudam em nossa casa os seminaristas de Grajaú/Ma e Itabuna/Ba. O corpo formativo é composto com pelo padre Jefferson Pinheiro (reitor), padre Eugenio (Vice reitor e ecônomo), o padre Pedro Vidal (diretor espiritual) e o padre Helelon Bezerra (diretor acadêmico).
 Para marcar a passagem do vigésimo quarto ano de fundação e preparar os seus vinte e cinco anos, o seminário recebeu diversas comunidades, grupos, apostolados e movimentos que abrilhantaram o momento.


No dia 2 de outubro, presidiu a Santa Missa o bispo auxiliar de Fortaleza/CE, Dom Valdemir Vicente. Esta presença muito significou tendo em vista que Dom Valdemir é representante daquela primeira turma que inaugurou o seminário, Eleito em julho do ano corrente, Dom Valdemir tornou-se o primeiro bispo formado neste seminário. Na ocasião, pelas mãos de Dom Valdemir, com as respectivas licenças dos seus bispos ordinários, na forma do rito, foram instituídos leitores os seminaristas Josivan Luna (Grajaú-Ma), Leandro Flores e Lucas Rafael (Aracaju). Na homilia, o bispo chamou a atenção dos seminaristas para necessidade de uma perseverança vocacional pautada pela fidelidade ao Evangelho. A celebração, concelebrada pelos padres reitor e diretor espiritual da casa, bem como pelos padres Aécio Cruz, Jailson Bezerra e Valdson, contava com religiosas, membros da pastoral carcerária arquidiocesana, seminaristas e alguns dos seus familiares.



Da esquerda para a direita: Diác. Antônio; Pe. Valmir; Pe. Valdson; Pe. Jefferson; Dom. Valdemir; Pe. Pedro Vidal; Pe. Aécio;  Pe. Anderson Gomes; Pe. Jailson Bezerra e os três seminaristas leitores: Josivan, Leandro e Lucas Rafael.

       No dia 3, Dom João José, arcebispo de Aracaju, presidiu a celebração concelebrada pelo reitor, diretor espiritual, além dos padres Rubens e Joselito Santana. Na mesma celebração o arcebispo admitiu às ordens sacras o seminarista Alberlan Rodrigues. A admissão as ordens sacras reconhece o seminarista como candidato ao sacerdócio, por isso o rito prescrito pelo Pontifical Romano chama-lhe a uma preparação mais comprometida com o serviço à Igreja. A celebração foi animada pelo Coral da Paróquia Nossa Senhora de Guadalupe, (do bairro Porto Dantas, Aracaju) e contava com a presença de leigos da paróquia Nossa Senhora do Carmo (no Alto da Jaqueira), Sagrada Família (Pau Ferro), e ainda do SAV (serviço de animação vocacional) e do Serra Club.






No dia 4, Dom Carlos Alberto, celebrou a Santa Missa e recordou na homilia a história daquele dia em que o seminário fora fundado. Ressaltou que o momento foi da grande aprendizagem dadas as dificuldades dos primeiros momentos do seminário e reconhecendo com gratidão chamou atenção para a continuação da missão de formar. Os seminaristas, por sua vez, retribuíram-lhe em gratidão pela contribuição de sua parte, pela presença, mas também pela passagem de sua aniversário com uma singela lembrança.

Já no dia 5, celebrou a Santa Missa o bispo de Grajaú-Ma, Dom Rubival, tendo como concelebrantes Dom Giovanni Crippa (bispo de Estância), além do Padre Jefferson e Padre Pedro. Na homília, Dom Rubival chamou a atenção para a urgência missionária que deve marcar a vida dos vocacionados como resposta generosa ao chamado que Deus faz a toda a Igreja. Destacou ainda a importância da relação entre as dioceses no processo de formação comprometido com a fraternidade de uma Igreja que vence as tendências ensimesmadas da modernidade. Ao final da Santa Missa os fieis leigos da comunidade bem como membros do Movimento de Cursilhos de Cristandade e das Equipes de Nossa Senhora assistiram a reprodução um curta contando a história do seminário com entrevistas e dados históricos.





No dia 6, encerramento das celebrações, Dom Giovanni Crippa celebrou a Santa Missa em memória de Nossa Senhora, oferecendo-A em ação de graças pelo aniversário do seminário e também pela passagem de seu sexagésimo ano de vida. Na ocasião concedeu o Ministério de Leitor os seminaristas Danilo Santos e Romário. Concelebraram a Santa Missa diversos padres da diocese de Estância, da Arquidiocese de Aracaju e os padres do corpo formativo. A celebração foi seguida por diversas homenagens e deu início a preparação dos vinte e cinco anos






domingo, 30 de setembro de 2018

BÍBLIA



Ide pelo mundo, proclamando a boa notícia a toda a humanidade. (cf. Mc 16, 15).
Em decorrência da festa de São Jerônimo – o primeiro a traduzir a Bíblia do grego para o latim – que acontece em 30 de setembro, a Igreja no Brasil apresenta a Sagrada Escritura como tema a ser aprofundado e vivenciado durante o mês de setembro. Em 2018, portanto, trabalhar-se-á o livro da Sabedoria.
Numa prática que visa dinamizar a vida pastoral de maneira catequética, já se tornou costume no Brasil eleger um tema a ser aprofundado em cada mês. Assim, tivemos em agosto o mês dedicado as Vocações; estivemos vivenciando em setembro o mês da Bíblia, em seguida teremos em outubro o mês das Missões, em novembro o mês dos Fieis defuntos e assim sucessivamente. Porém, a partir dessa divisão temática que acontece ao longo do ano, muitas vezes se tem a tentação de vivenciar cada realidade enfatizada somente naquele determinado mês e de maneira isolada. Isso pode significar um grande erro de interpretação da proposta feita pela Igreja. Posto que, a divisão é feita para que em um determinado período a temática possa ser aprofundada, pesquisada, debatida. No entanto a vivência dessas dimensões da fé, isto é, a meditação sobre as Sagradas Escrituras, as Vocações, a Oração pelas Missões e pelos Fieis defuntos, deve se dá ao longo de todo o ano.
Há de se convir que conhecer as Sagradas Escrituras é uma obrigação de todos os cristãos, pois como dizia São Jerônimo, “conhecer a Bíblia é conhecer a Cristo, ignorar a Bíblia é ignorar a Cristo”. Isso porque, toda a Sagrada Escritura fala sobre Jesus. Uma vez que o Antigo Testamento é prefiguração e anúncio da vinda do Senhor, enquanto que o Novo Testamento é o cumprimento daquela Promessa feita ao Povo de Israel: “e o Verbo se encarnou e habitou entre nós”. (cf. Jo 1, 14).
Disto isso, urge uma necessidade: precisamos criar o habito de ler a Sagrada Escritura todos os dias, porém, não numa leitura feita de qualquer jeito, desatenta, ou simplesmente para cumprir preceito. Somente ler por ler, não. É preciso fazê-lo em forma de oração, meditando cada palavra, fazendo a chamada Lectio Divina, uma leitura feita em quatro passos, buscando entender o que o texto diz em si; o que o texto diz para mim; o que o texto me faz dizer a Deus e por fim, a construção de um propósito de vida sob à luz da meditação feita durante esse momento de oração com a Palavra de Deus.
É necessário que cada cristão tenha uma intimidade profunda com a Palavra de Deus. O tempo de se ter uma bíblia em casa aberta no Salmo 90, desprezada, recebendo a poeira do que está esquecido, sendo usada como objeto de decoração, ou pior, como um amuleto, já passou. Hoje é tempo de fazer experiência, de meditar junto com a família. É tempo de aproveitar as oportunidades de formação bíblica disponíveis nas comunidades, bem como dos círculos ou aprofundamentos bíblicos existentes. Haja vista que todo o cristão católico é chamado à missão, ao anúncio do kerigma (κήρυγμα), ao anúncio de Cristo que se testemunha por meio da vivência da fé, não lhe basta ser cristão por declaração, tal como estatística do IBGE. Este cristão que assim intitula-se por tradição cultural e que não conhece nem a Cristo, nem a Sua Palavra, tampouco a catequese da Santa Mãe Igreja, negligencia a experiência de fé à qual foi iniciado no dia de seu batismo.
É preciso despertar das garras de uma cultura que tenta relativizar tudo, até mesmo as verdades de fé. Não sejamos mais uma sociedade que só quer seguir o Cristo glorioso, esquecida da cruz que antecede a glória, pois o próprio Cristo disse aos seus discípulos e continua a nos dizer na voz da Igreja: “se alguém quiser me seguir, renuncie a si mesmo, tome sua cruz e me siga”. (cf. Lc. 9, 23). Só faremos uma verdadeira experiência com Jesus se o conhecermos. Esse conhecimento é um encontro com Ele que Se nos dá por meio da Palavra, dos sacramentos, da vivência eclesial... É preciso encontrar meios para fazer uma verdadeira experiência, pois a partir daí poderemos dizer verdadeiramente que somos cristãos e assim assumiremos responderemos sincera e autenticamente à vocação ao discipulado missionário, sobre o qual nos fala a Conferência de Aparecida.

*Leandro F. Santos, alagoano, de Arapiraca, é seminarista da Arquidiocese de Aracaju. Estuda no 3º ano do curso de bacharelado em teologia e é agente de pastoral na Paróquia Sagrado Coração de Jesus (Bairro Grageru, Aracaju) e da Pastoral Carcerária.

sexta-feira, 14 de setembro de 2018

O MÊS DA BÍBLIA



Dom João José Costa- Arcebispo de Aracaju-SE
Começou o mês de setembro, que para nós católicos do Brasil é o mês dedicado à Bíblia, desde 1971. É uma iniciativa digna de louvor. Todavia, desde 1947, o Dia da Bíblia é comemorado no último domingo de setembro. O mês de setembro foi escolhido como mês da Bíblia porque o dia 30 de setembro é dia em que a Igreja celebra a memória de São Jerônimo, que nasceu em 340 e faleceu em 420 da era cristã.
São Jerônimo foi um grande biblista, doutor da Igreja, e a ele coube, a pedido do Papa Dâmaso, de quem foi secretário, traduzir a Bíblia dos originais (hebraico e grego) para o latim, que naquela época era a língua falada no mundo dito civilizado, e usada na liturgia da Igreja. A tradução realizada por São Jerônimo é chamada de Vulgata. Foi um trabalho gigantesco que durou cerca de 35 anos.

A denominação Vulgata consolidou-se na primeira metade do século XVI, sobretudo a partir da edição da Bíblia de 1532, tendo sido definitivamente consagrada pelo Concílio de Trento, em 1546. O Concílio estabeleceu um texto único para a Vulgata a partir de vários manuscritos existentes, o qual foi ratificada mais uma vez como a Bíblia oficial da Igreja, confirmando assim os outros concílios desde o século II, e a essa versão ficou conhecido como Vulgata Clementina.
Atualmente a Igreja Católica utiliza a “Nova Vulgata”, recentemente traduzida conforme os métodos científicos mais modernos. Na verdade, após o Concílio Vaticano II, por determinação de Paulo VI, foi realizada uma revisão da Vulgata, sobretudo para uso litúrgico. Esta revisão, terminada em 1975, e promulgada pelo Papa João Paulo II, em 25 de abril de 1979, é denominada Nova Vulgata e ficou estabelecida como a nova Bíblia oficial da Igreja Católica .
No Brasil, para o uso litúrgico, é empregada a “Bíblia Sagrada Tradução da CNBB”, que em sua apresentação informa: “Foi levada em consideração, sistematicamente, a nova tradução oficial [a Nova] ‘Vulgata’. Como recomenda o Concílio Vaticano II (Dei Verbum, n. 22), a tradução se baseia, pois, nos textos originais hebraicos, aramaicos e gregos, cotejados criteriosamente com a Nova Vulgata, ela mesma baseada nos documentos originais”.
Hoje, a Bíblia é o único livro que está traduzido em praticamente todas as línguas do mundo e está em quase todas as casas da cristandade. A Bíblia é, de longe, o livro mais vendido, distribuído e impresso em toda a história da humanidade.
A Bíblia – Palavra de Deus – é o fruto da comunicação entre Deus que se revela e a pessoa que acolhe e responde à revelação. Por isso, pode-se dizer que a Bíblia relata a história de um povo, o Povo de Deus, que teve o dom de interpretar sua realidade à luz da presença de Deus e compreender que a vida é um projeto de amor que parte de Deus e volta para Ele.
Nesse mês da Bíblia, somos convidados a estudar e refletir sobre esse maravilhoso livro que tem tanto a nos revelar e instruir. Todos os católicos devem ler e procurar compreender as mensagens de Deus para nós, que foram escritas por escritores sagrados sob a inspiração do Espírito Santo.
O que significam as palavras de Deus contidas na Bíblia, para nós? A resposta pode muito bem ser buscada no seguinte versículo: “Quão saborosas são para mim vossas palavras, mais doces que o mel à minha boca” (Sl 118, 103). Assim são as palavras de Deus, que nos foram transmitidas e que nelas devemos pautar as nossas vidas. As palavras de Deus alumiam o nosso viver, a nossa caminhada em busca da santificação. Diz, ainda uma vez, o salmista: “Vossa palavra é um facho que ilumina meus passos. E uma luz em meu caminho” (Sl 118, 105).
Conhecer a Palavra de Deus é fundamental para todo cristão. A Carta aos hebreus diz que “a Palavra de Deus é viva, eficaz, mais penetrante do que uma espada de dois gumes, e atinge até à divisão da alma e do corpo, das juntas e medulas, e discerne os pensamentos e intenções do coração” (Hb 4,12).
Jesus conhecia profundamente a Sagrada Escritura e a citava. Isso é mais do que suficiente para que todos nós façamos o mesmo. Na tentação do deserto ele venceu o demônio lançando em seu rosto, por três vezes, a santa Palavra. Quando o tentador pediu que Ele transformasse as pedras em pães, para provar Sua filiação divina, Jesus lhe disse: “O homem não vive só de pão, mas de tudo o que sai da boca do Senhor” (Dt 8,3). Quando o tentador exigiu que Ele se jogasse do alto do templo, Jesus respondeu: “Não tentarás o Senhor vosso Deus” (Dt 6,16a). E quando Satanás tentou fazer com que Ele o adorasse, ouviu mais uma vez a Palavra de Deus: “Adorarás o Senhor, teu Deus, e só a ele servirás” (Dt 6,13).
O demônio não tem força diante da Palavra de Deus lançada em seu rosto; por isso, cada um de nós precisa conhecer o poder dela. É preciso ler e estudar a Bíblia regularmente, e, se possível, todos os dias; aquecer o coração e a alma com um trecho dela; e saber usá-la nos momentos de dor, dúvida, angústia, medo, tomada de decisão, louvor, agradecimento, súplsúplica etc. Abra a Palavra, deixe Deus falar ao seu coração. E fale com Deus. Ler a Palavra é a maneira mais fácil de rezar.
Desse o Senhor servindo-se da boca do profeta Isaías: “Tal como a chuva e a neve caem do céu e para lá não voltam sem ter regado a terra, sem a ter fecundado, e feito germinar as plantas, sem dar o grão a semear e o pão a comer, assim acontece à palavra que minha boca profere: não volta sem ter produzido seu efeito, sem ter executado a minha vontade e cumprido a sua missão” (Is 55,10).
A palavra de Deus é transformadora, santificante. São Paulo explica isso a Timóteo, com toda convicção: “Toda a Escritura é inspirada por Deus, e útil para ensinar, para persuadir, para corrigir e formar na justiça” (2Tm 3,16).
A Palavra de Deus é, portanto, um instrumento indispensável para a nossa santificação. Não conseguiremos ter “os mesmos sentimentos de Cristo” (Fil 2,5) sem ouvir, ler, meditar, estudar e conhecer a sua santa palavra. São Jerônimo, dizia que “quem não conhece o Evangelho não conhece Jesus Cristo”.
É preciso estudar a Bíblia, fazer cursos bíblicos, porque nem sempre sua leitura é fácil de ser compreendida. Ela não é um livro de ciência, mas, sim, de fé. Utilizando os mais diversos gêneros literários, ela narra acontecimentos da vida de um povo guiado por Deus, atravessando os mais variados contextos sociais, políticos, econômicos etc. Por isso, a Palavra de Deus não pode sempre ser tomada ao “pé da letra”, embora muitas vezes o deva ser. “Porque a letra mata, mas o Espírito vivifica” (2 Cor 3,6).


Fonte: CNBB- NORDESTE 3 - LINK: https://www.cnbbne3.org.br/15737-2/

LITERATURA E FILOSOFIA: relação entre liberdades



Francisco Alves*
“O homem não coincide consigo mesmo”, afirma Fiódor Dostoiévski em uma de suas máximas. O homem é uma questão para si próprio. É um ser que está aberto ao mundo como pura liberdade. Sendo livre, sua liberdade é muito mais uma questão que, evidentemente, nunca será resolvida, nunca será solucionada, mas apenas e simplesmente vivida. O grande slogan da filosofia de Jean Paul Sartre apresenta a assertiva de que o homem é condenado a ser livre. Sua liberdade aparece como uma espécie de fatalidade. Não é uma essência ou uma determinação o caráter mais fundamental do ser humano, é, todavia, unicamente a liberdade. A partir daí ele deve fazer o que quiser e puder de si. Sartre correlaciona este conceito filosófico com a história, por vezes com a psicologia, e sobretudo com a literatura.
O filósofo que é escritor, pensador que escreveu tanto obras filosóficas quanto ficcionais, trás consigo uma problemática e um grande perigo que consiste, obviamente, no fato de que os seus romances possam se tornar meros objetos para ilustrar idéias de filosofia. Para o expoente máximo do existencialismo, a literatura não existe para isso, é um erro tratá-la desta forma. A obra literária tem sua autonomia inerente a si mesma. A prosa não é apenas um esclarecimento ou um complemento a uma tese conceitual.
Para Sartre, não se trata de elaborar uma concepção separatista entre esses dois ramos do saber, e menos ainda tentar embaralhá-los de modo que fiquem homogêneos. Filosofia e Literatura, de uma forma ou de outra, se atraem e encaminham-se para uma única e mesma finalidade, isto é, compreender a existência humana. Isso não diz respeito a uma tentativa de confundir a arte do conceito com a arte literária, mas de abrir caminho para uma filosofia que seja capaz de expor a experiência mais concreta e de valorizar uma literatura que nos permita ver melhor a nós mesmos, os outros e o mundo presente. Sartre identifica entre essas duas áreas distintas uma “vizinhança comunicante”.
Além disso, a literatura é práxis, a palavra é ação. O livro, sendo uma obra de arte estética, se lança a uma compreensão ética da realidade humana. A prosa, dessa forma, não é tão-somente uma comunicação de letras, palavras e frases, não é um mero refúgio, não serve apenas para nos fascinar, refestelar, nos dá gozo ou prazer, é, todavia, acima de tudo, uma convocação, um apelo que o escritor faz para a liberdade do leitor e que estes, juntos, assumam o compromisso que gerou a obra. A literatura, portanto, nos propele que adotemos posições críticas para transformar a realidade, que nos comprometamos, que nos engajemos.
“As palavras são pistolas carregadas. Quando o escritor fala, ele atira. Pode calar-se, mas uma vez que decidiu atirar é preciso que o faça como homem, visando o alvo, e não como criança, ao acaso, fechando os olhos, só pelo prazer de ouvir os tiros”. A literatura é engajada no sentido de desvendar o homem ao próprio homem, mostra por meios de suas palavras um espelho crítico diante do qual no vemos refletidos, permitindo, assim, uma melhor compreensão da realidade humana como livre. Livre e responsável, quem é inteiramente livre, se torna inteiramente responsável. A liberdade se completa no compromisso, no engajamento. Ora, a liberdade do escritor necessita da liberdade do leitor, para que juntos assumam a obra literária, o mundo.
Tendo em vista que o tema a ser abordado seja a questão da literatura como relação entre liberdades, a princípio pode-se até parecer incompreensível e enigmático. Contudo, após breves aprofundamentos é notável seu valor como pesquisa e trabalho. Discutir no que diz respeito à liberdade, conceito tão caro à filosofia sartriana, mostrá-la e defendê-la no âmbito literário, além de fazer uma reflexão filosófica sobre tal assunto é ainda um apelo à libertação por meio da leitura.
O gosto pelos livros, o contato com alguns clássicos da literatura nos motivou a abraçar tal apreço com a filosofia. Ademais, discorrer sobre este assunto não é de forma alguma contingente e distante de nós, está contido não só no âmbito filosófico, mas no social, acadêmico, literário e em todas as instâncias do ser existente. É nosso intuito defender, com a ajuda de Sartre, o caráter despertador da literatura e motivar a prática e importância de ler, porquanto ela liberta. A partir daí, é necessário também transformar o que está a nossa volta. Cultivar, promover e suscitar a liberdade tendo como estopim a literatura, é algo vital.
Portanto, considerando que os supostos “mundos impossíveis” propostos pelos escritores venham sempre a exprimir e desvelar esse mundo real é possível aprender filosofia também lendo romances. Albert Camus afirmava que uma boa filosofia se faz com imagens. Podemos concluir, desta maneira, que mediante um bom livro, que após o contato com uma boa literatura, não podemos passar impunemente, não se pode passar despercebido, mudamos mesmo que não percebamos.

"Eu do livro não me livro
e nem quero me livrar
se do livro, eu me livro
como livre, vou ficar?”
 (FONSECA, Silas)

Filósofo SARTRE

*Francisco Alves é seminarista da Diocese de Grajaú (MA), da cidade de São José dos Basílios. É discente no 3º ano do curso de Licenciatura em Filosofia do Seminário de Aracaju e é agente de pastoral na paróquia Nossa Senhora de Guadalupe, bairro Coroa do Meio, Aracaju.
E-mail: alvesfransousa@gmail.com