terça-feira, 29 de março de 2011

Ciência e Religião na comunidade judaica


Por Manoel Rodrigues P. Filho
14 de março de 2010
Embasados em suas próprias experiências em consultórios e hospitais do país, os médicos não omitem em afirmar que é cada vez maior o número de pessoas que procuram nos rabinos a chamada “segunda opinião”. Procuram, em Israel, segundo a revista Morashá, reconfortar os pacientes e seus familiares, despertando-lhes a fé em Deus, e ajudando-os a encarar situações gravitosas. Segundo as informações do jornal “A Jerusalém” há mais de 20 anos essa prática vem ocorrendo.
“Os rabinos desempenham um papel muito importante, dando apoio moral e psicológico quando alguém está diante de uma situação difícil”, disse a professora Bracha Rager, imunologista e cientista-chefe do Ministério da Saúde de Israel, que se auto-define como uma judia secular. Segundo ela, cuidar da parte psicológica dos pacientes é tão importante quanto a física e ambas estão diretamente relacionadas. A cientista menciona as inúmeras pesquisas que revelam que o estresse emocional pode aumentar os riscos de doenças e infecções que prejudicam a recuperação dos pacientes. “Não há dúvidas de que há uma conexão direta entre o sistema imunológico e o cérebro”.
É dentro desse princípio de apoiar e despertar a autoconfiança que atuam os rabinos, explica Yitzhak Barnea, rabino-chefe sefaradita de Ramat Gan um rabino ou qualquer líder espiritual pode e deve transmitir sua fé com esperança e coragem.
O que as pessoas desejam é sentir-se seguras e nem sempre os médicos podem garantir isso. Segundo ele, “a morte é o que as pessoas mais temem na vida”. Mas como não se pode, ainda, curar doenças como Aids e câncer – mesmo com todo o desenvolvimento da ciência – as pessoas voltaram-se para líderes religiosos. A partir de Einstein, reduziram-se, um a um, os impedimentos de cercania para ciência e religião, a ponto de João Paulo II afirmar que a “religião sem ciência não é boa religião, bem como ciência sem religião não é boa ciência”.
Uma posição convergente com a do sumo pontífice foi, recentemente, tomada pela Organização Mundial da Saúde (1998), ao ter acrescentado a “dimensão de bem-estar espiritual ao seu conhecido conceito multidisciplinar de saúde”, que, como se sabe, só entendia uma condição de saúde se existisse a presença de bem-estar nas dimensões físicas, psíquicas e sociais. Sem dúvida, a fé impulsiona o ser à graça infinita de Deus. Segundo Soren Kierkergard, “é pela fé que o ser humano chega a Deus” como por um salto entre o absurdo e o desespero.
Incrivelmente a Bíblia vem nos dizer: “Dá lugar ao médico, pois ele criado por Deus; que ele não te deixe, pois sua arte te é necessária” (Ecle 38, 12). Medicina e fé, portanto, caminham juntas, devemos respeitá-las, senão não passaríamos de fanáticos ignorantes. Na próxima edição desse jornal veremos algo sobre a oração favorecendo os enfermos. Obrigado. Deus abençoe!
FONTES: Revista Morashá.com; Ministério da Saúde de Israel; Documento da OMS (1998); Fides et Ratio fragmento de João Paulo II;

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